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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Errare humanu est, perserverare diabolicum

Este texto recebeu a aprovação do Mons. Bernard Fellay

Tradução por: Adilson Almeida

Superior Geral da FSSPX



A Renovação do escândalo de Assis

Errare humanu est, perserverare diabolicum


Pe. Régis de Cacqueray

Superior do Distrito da França


O que vai se passar nesse 27 de outubro de 2011? Um simples encontro amigável entre pessoas de boa fé? Uma discussão informal sobre a divindade de Cristo e de sua Igreja? Não, a renovação, pelo papa reinante, Bento XVI, do escândalo sem precedente realizado por seu predecessor, João Paulo II, em 27 de outubro de 1986.

O que acontecerá nesse 27 outubro de 2011? O apelo à conversão à fé católica? As declarações do papa deixam claramente entendido o que será essa jornada: a reunião dos representantes de todas as falsas religiões, chamados pelo papa pessoalmente para uma jornada de reflexão onde todos são convidados a rezari pela paz.

Certamente, diferente da primeira reunião de Assis, a oração parece que deve ser silenciosa, mesmo com tantos presentes. Mas para qual deus rezarão em silêncio esses representantes de todas as falsas religiões? A qual deus rezarão senão aos falsos deuses, pois que o papa os convida explicitamente a vier mais profundamente “sua fé religiosa”ii? Para onde, pois, se voltarão os muçulmanos, senão para o deus de Maomé? A quem se dirigirão os animistas, senão a seus ídolos? Como, pois, pode-se conceber que um papa chame os representantes das falsas religiões, enquanto tais, a participar de uma jornada de oração pessoal? Esse ato do soberano pontífice constitui, por este mesmo fato, uma terrível blasfêmia a Deus, assim como uma ocasião de escândalo para os homens do mundo inteiro.


Uma ofensa ao Deus trino e encarnado


Como se poderia qualificar de outro modo essa feira de religiões que ofende gravemente o primeiro mandamento: “Adorarás o Senhor teu Deus e não renderás culto senão a Ele somenteiii?

Como imaginar que Deus se apraz nas orações de judeus fiéis a suas orações que crucificaram Seu Filho e negam o Deus Trino?

Como Ele poderá atender as orações dirigidas a Alá, cujos discípulos não cessam de perseguir os cristãos?

Como Ele poderá aceitar os sufrágios de todos os hereges, cismáticos e apóstatas que renegaram Sua Igreja, nascida do lado aberto de Seu Filho?

Como Ele poderá ser honrado com culto oferecido aos ídolos por todos os animistas, panteístas e outros idólatras?

Como Ele poderá ouvir essas orações quando Seu Filho nos indicou claramente o contrário: “Ninguém vai ao Pai sem passar por mimiv?

Almas de boa fé que rezam a Deus na heresia ou na infidelidade é uma coisa; Deus reconhecerá os seus e os guiará para a única e verdadeira Igreja. Mas convidar esses homens a rezar, enquanto representantes das falsas religiões, segundo “sua fé religiosa”, não é sinal manifesto de que são convidados a rezar segundo o espírito e as fórmulas de sua falsa religião?

Como, então, não ver nisso a injúria suprema lançada na face do Deus três vezes santo? Como não ficar profundamente indignado à vista de tal escândalo? Como se calar sem se mostrar cúmplice?


A paz de Cristo deformada


Esse pecado gravíssimo ofende por demasiado a paz de Jesus Cristo. O papa chama a rezar pela paz. Mas qual é essa paz pedida pelo papa? É a cessação dos conflitos que dilaceram o mundo? Mas se crê verdadeiramente que a oração aos falsos deuses vai nos merecer, não o castigo, mas o benefício de uma paz inteiramente humana? Esquece-se do dilúvio dos primeiros tempos? Perdeu-se a lembrança da destruição de Sodoma e de Gomorra, cujo crime foi menos grave que os das almas incrédulasv? Retirou-se do Evangelho e da História a destruição sangrenta de Jerusalém, preço dos pecados de Seu povo?

Além disso, para que nos servirá comprar uma paz temporal, se viermos a perder nossa alma? “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, e depois nada mais podem fazer (...) temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no infernovi. Aliás, como não ver nessa oração pela paz um desvio sem dúvida inconsciente, mas pérfido e para fins ecumênicos, da aspiração legítima de todo homem à paz civil? Não, a paz trazida por Cristo não poderia ser esta paz do mundo, esta paz maçônica selada pela liberdade de consciência.

Porque, na realidade, a paz pedida com todos esses votos pelo pontífice atual não é apenas paz temporal, é, sobretudo, a liberdade religiosavii, a liberdade de consciência, condenada tantas vezes pelos papasviii. Eis a intenção de oração indicada pelo papa, eis a paz pedida pelo papa: a paz temporal obtida pela liberdade de consciência.

Essa é a paz de Jesus Cristo? Daquele que morreu na Cruz para afirmar sua divindade? A paz de Cristo é totalmente outra, tão distante dessa paz maçônica quanto à caridade o é da fraternidade. A paz de Cristo é a paz com Deus, fruto da redenção das almas pelo Sangue de Seu Filho e da renúncia ao pecado pelos homens. Quanto à paz civil comunicada por Cristo, não é outra senão o fruto de uma civilização cristã, toda modelada pela fé e pela caridade católicas.


Uma odiosa humilhação da Igreja


Mas se o Deus trino e a humanidade de Cristo são gravemente ofendidos por esse convite ao pecado, a Esposa imaculada de Cristo, sua única Igreja católica, é humilhada publicamente. É escarnecido o ensinamento dos Apóstolos, dos papas, dos Padres da Igreja, dos santos, dos mártires, dos príncipes e dos heróis católicos. Escarnecido o ensinamento do salmista segundo o qual “todos os deus das nações são demôniosix, escarnecida a ordem formal de São João de não saldar os heréticosx, escarnecido o ensinamento de um Gregório XVI ou de um Pio IXxi para os quais a liberdade de consciência é um “delírio”, escarnecida a proibição formal dos papas Leão XIIIxii e Pio XIxiii de organizar ou de participar de congressos inter-religioso, escarnecido o martírio de um Polyeucte recusando sacrificar aos ídolos, escarnecido o exemplo de um São Francisco de Sales escrevendo suas Controversas a fim de converter o herético protestante, escarnecidos os milhares de missionários tendo tudo abandonado para salvar a alma dos infiéis, escarnecido o gesto heroico de um Charles Martel detendo o Islão em Poitiers, de um Godofredo de Bouillon forçando a entrada de Jerusalém com sua lança e sua espada, escarnecida a honra de um São Luís punindo a blasfêmia.

Como o católico moldado pelo espírito de Assis poderá ainda subscrever o dogma “Fora da Igreja não há salvação”? Como ele verá na Igreja católica, a somente e única arca da salvação? Ademais, esse escândalo vem da mais alta autoridade sagrada que existe sobre a terra, do vigário do próprio Jesus Cristo, como se a gravidade de tal reunião não bastasse. Não se pode considerar o papa, presidindo esta reunião, não o chefe da Igreja católica, mas o chefe de uma Igreja da ONU, o primus inter pares de uma religião de todas as religiões, essencialmente idêntica ao culto maçônico do Grande Arquiteto do Universo? Não é isso uma perversão satânica da missão de Pedro? Enquanto Cristo solenemente ordenou a Pedro “confirmar seus irmãos na fé” e de apascentar suas ovelhas, o sucessor de Pedro vai de fato confirmar seus irmãos no indiferentismo e no relativismo.


Um escândalo imenso


Porque, além de uma terrível blasfêmia, essa decisão pessoal do Papa vai engendrar um imenso escândalo na alma dos católicos e dos não-católicos. Diante da imagem de um papa reunindo os representantes de todas as falsas religiões, a reação da maioria dos homens será de relativizar ainda mais a verdade e a religião. Qual o homem, pouco familiarizado com doutrina católica, não será tentado a se tranquilizar com o destino dos não-católicos, quando ele vir o papa convidar esses últimos a rezar pela liberdade de consciência? Qual o não-cristão verá na religião católica a única e verdadeira religião à exceção de todas as outras, quando ele souber que o chefe da Igreja católica reúne um panteão de religiões? Como ele interpretará a exortação do papa a não ceder ao relativismoxiv, senão pensando que se trata não de estar na verdade, mas de ser sincero?

Como ele, ao contrário, não interpretará, em um sentido relativista, esse convite explícito do Santo Padre a praticar do melhor meio possível sua religião: “... eu estarei, no mês de outubro próximo como peregrino na cidade de São Francisco, convidando a se unir a essa caminhada nossos irmãos cristãos das diversas confissões, as autoridades das tradições religiosas do mundo, e de maneira ideal, todos os homens de boa vontade, no objetivo (...) de renovar solenemente o compromisso de crentes de cada religião a viver sua fé religiosa como serviço para a causada pazxv? Em 1986, um jornalista publicava esta significativa conclusão: “O papa inventa e preside a ONU das religiões: o que creem na Eterna, os que creem mil deuses, os que não creem em nenhum deus. Visão estapafúrdia! João Paulo II admite espetacularmente a relatividade da fé cristã que não é mais do que uma entre as outrasxvi. Como imaginar que esse julgamento não seja partilhado com vários homens na noite de 27 de outubro de 2011?

É por isso que não nos parece singularmente estranho querer escusar o papa de tal pecado pelo fato de que Assis 2011 seria diferente de Assis 1986. Tudo concorre, ao contrário, a nos convencer de uma surpreendente continuidade entre a reunião de Assis de 1986 e esta de 2011:

A natureza da reunião: um convite aos representantes das falsas religiões a estarem juntos para refletir e rezar pela paz.

O motivo: a paz civil promovida pela ONU. Em 1986, João Paulo II havia convidado todas as religiões “nesse ano de 1986 escolhido pela ONU como ano da paz, para promover uma reunião especial de oração pela paz na cidade de Assis”xvii. Quando de sua mensagem pela paz datada de 1º de janeiro de 2011, dia do anúncio da reunião de Assis em 27 de outubro de 2011, Bento XVI assinava estas reveladoras linhas: “Sem essa experiência original [das grandes religiões], orientar as sociedades para princípios éticos universais revela-se penoso e torna-se difícil colocar em ordem regramentos nacionais e internacionais em que os direitos e as liberdades fundamentais possam ser plenamente reconhecidos e posto em obra como o são propostos os objetivos – infelizmente ainda negligenciados ou contraditos – da Declaração universal dos Direitos do homem de 1948. (...) Tudo isso é necessário e é coerente com o respeito da dignidade e do valor da pessoa humana, respeito garantido pelos povos da terra na Caridade da Organização das Nações Unidas de 1945xviii.

Como o escreve Mons. Fellay a João Paulo II, quando do segundo escândalo de Assis em 1999: “os temas humanistas, terrenos, naturalistas desses encontros fazem declinar a Igreja da sua divina, eterna e sobrenatural missão, ao nível dos ideais maçônicos de uma paz mundial fora do único Príncipe da Paz, Nosso Senhor Jesus Cristoxix.

A data: Bento XVI toma essa iniciativa exatos 25 anos após a festa de Assis: “Em 2011será a festa do 25º aniversário da Jornada mundial de oração pela paz, convocada em 1986 (...) em Assis (...). A lembrança dessa experiência é um motivo de esperança em um futuro onde todos os crentes se sentem e se tornam efetivamente artesãos de justiça e de pazxx. Não está aí o sinal claro de uma evidente continuidade? Não é uma maneira de querer fazer reviver em nossos espíritos a lembrança penosa dos escândalos do Buda sobre o tabernáculo da igreja São Pedro; das galinhas sacrificadas aos deuses sobre o altar de Santa Clara; do vigário de Cristo ao lado do Dalai-Lama e de um Patriarca ortodoxo sob as botas da KGB? É preciso, pois, celebrar solenemente o aniversário de um evento se se quer distinguir claramente? Porque proclamar Urbi et Orbi que “a lembrança dessa experiência é um motivo de esperança”? Apenas a traição dos bien-pensants pode permitir se curvar assim a facexxi.

O chamado de seu predecessor: como se ele quisesse dissipar todo equívoco possível e lembrar, a que quer ouvi-lo, sua fidelidade ao espírito do primeiro Assis: “... neste ano de 2011, será celebrado o 25º aniversário da Jornada mundial de oração pela paz que o venerável João Paulo II convocou em Assis em 1986xxii.

Até mesmo os defensores do papa utilizam os mesmos argumentos para tentar justificar o injustificável. Uma vez defendia Assis distinguindo subtilmente “estar juntos para rezar” e “rezar juntos”. Hoje se dirá que não haverá oração comum, mas uma jornada comum de oração? No lugar de negar a concomitância das orações silenciosas, dirão-nos que cada um reza separadamente segundo sua religião? Como se essas distinções especiosas não fossem forjadas para as necessidades da causa. Como se essas subtilezas fossem imediatamente incluídas pelo conjunto dos homens que não reterão senão uma coisa: um encontro de todas as religiões para rezar cada divindade, abstração feita de toda a Revelação.

Definitivamente, e como a maioria dos gestos do papa atual em relação a seu predecessor, o escândalo de Assis 2011 será substancialmente o mesmo, mas menos espetacular do que Assis 1986. Assim aos que nos acusariam mais uma vez de faltar com a caridade por essas linhas veementes, recordamo-lhes as palavras de Cristo: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as forças e a teu próximo como a ti mesmo”. Será que amar a Cristo com um amor ardente é não denunciar a blasfêmia e criticar os que desagradam? Será que amar o seu próximo é não o advertir do grave escândalo que o ameaça? Esse é o amor pedido por Cristo? Não, como o lembrava São Pio X nas horas sombrias: “A doutrina católica nos ensina que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por sinceras que sejam , nem da indiferença teórica e prática pelo erro ou o vício, em que vemos mergulhados nossos irmãos, mas no zelo pela sua restauração intelectual e moral, não menos que por seu bem-estar material. Esta mesma doutrina católica nos ensina também que a fonte do amor do próximo se acha no amor de Deus, Pai comum e fim comum de toda a família humana, no amor de Jesus Cristo, do qual somos membros a tal ponto que consolar um infeliz é fazer o bem ao próprio Jesus Cristo. Qualquer outro amor é ilusão ou sentimento estéril e passageiro. Certamente, a experiência humana aí está, nas sociedades pagãs e leigas de todos os tempos, para provar que, em certos momentos, a consideração dos interesses comuns ou da semelhança de natureza pesa muito pouco diante das paixões e concupiscências do coração. Não, Veneráveis Irmãos, não existe verdadeira fraternidade fora da caridade cristãxxiii.


Então de que Igreja somos nós?


Da Igreja de São Policarpo de Esmirna, que respondeu ao herético Marcion perguntando-lhe se ele o reconhecia: “Sim, eu te reconheço por filho mais velho do diabo”?

Somos da Igreja de São Martinho que quebrava os ídolos e as árvores sagradas de nossas florestas?

Somos da Igreja de São Bernardo que pregava a cruzada a nossos pais?

Somos da Igreja de São Pio V, que, não se contentando em rezar o rosário, chamou os príncipes cristãos a guerrear vigorosamente contra os maometanos?

Somos desta Igreja dos santos e dos mártires ou da Igreja dos Pilatos, dos Cauchon, dos Lamennais, dos Teilhard de Chardin sempre prontos a cortejar o mundo e a entregar Cristo e seus discípulos a seus detratores?

Julgaremos Assis com os olhos da fé, dos papas e dos mártires, ou com os olhos do mundano, do liberal e do modernista?

É por isso que não podemos nos calar, e, enquanto o papa se prepara para um dos atos mais graves de seu pontificado, clamamos vigorosa e publicamente nossa indignação, esperando e suplicando ao Céu que esse infortúnio tão bem preparado não venha a acontecer. Enfim, como não pensar nas palavras de Mons. Lefebvre relembrado por Mons. Fellay em 1999 em sua carta ao papa: “Mons. Lefebvre reconheceu no funesto evento de Assis um dos “sinais dos tempos”, que permitiam proceder legitimamente às sagrações episcopais em Vosso consentimento e Vos escreve que “o tempo de uma franca colaboração ainda não havia chegadoxxiv. Ao contrário, chegou a hora de reparar esse escândalo, de fazer penitência guardando no coração a firme esperança que malogrados os progressos do Mistério da Iniquidade, “as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”.



Padre Régis de Cacqueray, 12 de setembro de 2011, festa do Santíssimo Nome de Maria, aniversário da vitória dos exércitos católicos sobre as tropas muçulmanas em Viena em 1683.


Fonte: http://www.laportelatine.org/district/france/bo/cacqueray_assise110912/scandale_assise2011.php#_ftnref1



Notas:

i O desenvolvimento da jornada e o comunicado da Santa Sé não deixam nenhuma dúvida sobre a dimensão religiosa do evento: “... o Santo Padre pretende convocar, em 27 de outubro próximo, uma jornada de reflexão, de diálogo e de oração pela paz e pela justiça no mundo. (...) Um momento de silêncio se seguirá para a oração e a reflexão de cada um. Ao meio-dia, todos os que estiverem presentes em Assis participarão de uma caminhada que seguirá em direção à Basílica de São Francisco. Será uma peregrinação na qual tomarão parte, como última etapa, todos os membros das delegações; assim, entende-se simbolizar a caminhada de cada ser humano na busca assídua da verdade e da construção da justiça e da paz. Ela será realizada em silêncio, deixando o momento para a oração e a meditação pessoal”. Comunicado da imprensa da Santa Sé de 2 de abril de 2011: uma jornada de reflexão, de diálogo e de oração pela paz e pela justiça no mundo – “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz” (Assis, 27 de outubro de 2011).

ii O objetivo anunciado pelo papa é de “renovar solenemente compromisso dos crentes de cada religião a viver sua fé religiosa como serviço pela causa da paz”. Bento XVI, ângelus, Praça São Pedro, Sábado, 1º de janeiro de 2011.

iii Deut. 6, 13, Mat. 4, 10.

iv Jo. 14, 6, Cf. igualmente 1Jo. 2, 23: “Todo aquele que nega o Filo, também não reconhece o Pai”.

vSe não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo: será menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e Gomorra, do que aquela cidade” (Mt. 10, 14-15).

vi Lc. 12, 4-5)

vii “... é a Jornada mundial da paz, uma ocasião propícia para refletir juntos sobre os grandes desafios que nossa época põe diante da humanidade. Um dos quais, dramaticamente urgente de nossos dias, é o da liberdade religiosa; é por isso que eu quis esse ano consagrar minha Mensagem a esse tema: “A liberdade religiosa, caminho para a paz (...) na Mensagem de hoje para a Jornada mundial da paz, salientei a maneira como as grandes religiões podem constituir um fator importante de unidade e de paz para família humana, e lembrei nessa ocasião que nesse ano de 2011, se festejará o 25º aniversário da Jornada mundial de oração pela paz que o venerável João Paulo II convocou em Assis em 1986. É a razão pela qual eu estarei, no mês de outubro próximo como peregrino na cidade de São Francisco, convidando a se unir a essa caminhada nossos irmãos cristãos das diversas confissões, as autoridades das tradições religiosas do mundo”. Bento XVI, ângelus, Praça São Pedro, Sábado, 1º de janeiro de 2011.

viiiDessa fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e defende a liberdade de consciência” Gregório XVI, Mirari vos, 1832.

ix Sl 95, 5.

xSe alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis, porque quem o saúda, participa das suas obras más” (2Jo. 10-11).

xi Cf. Syllabus, 1864, proposição condenada n.º 79, DS 2979: “É falso que a liberdade civil de todos os cultos e o pleno poder concedido a todos de manisfestarem clara e publicamente as suas opiniões e pensamentos produza corrupção dos costumes e dos espíritos dos povos, como contribua para a propagação da peste do Indiferentismo”.

xii Por ocasião do congresso das religiões de Chicago em 1893.

xiiiSabendo perfeitamente que é extremamente raro encontrar homens absolutamente desprovidos de senso religioso, eles nutrem a esperança de que se poderia facilmente conduzir os povos, apesar de suas dissidências religiosas, a se unirem na pro­fissão de certas doutrinas admitidas como um fundamento comum de vida espiritual. Em consequência, eles têm congressos, reuniões, conferências frequentadas por­ um número bem considerável de auditores; convidam para as discussões todos os homens indistintamente, os infiéis de toda categoria, os fiéis, e até aqueles que têm a infelicidade de serem separados de Cristo, ou que negam asperamente e obstinadamente a divindade de sua natureza e de sua missão. Esforços semelhantes não têm qualquer direito à aprovação dos católicos, pois se baseiam nessa opinião errada de que todas as religiões são mais ou menos boas e louváveis, neste sentido de que elas revelam e traduzem todas igualmente - embora de uma maneira diferente - o sentimento natural e inato que nos leva a Deus e nos inclina com respeito diante de seu poder. Além de se perderem em pleno erro, os participantes dessa opinião repelem com o mesmo golpe a religião verdadeira; eles falsificam sua noção e se dirigem pouco a pouco para o naturalismo e o ateísmo. É perfeitamente evidente que se trata de abandonar inteiramente a religião divinamente revelada e se unir aos partidários e propagandistas de tais doutrinas.” Pie XI, Mortalium animos, 6 de janeiro de 1928.

xiv Isso poderá ser feito “sem renunciar a sua própria identidade ou ceder a formas de sincretismo” comunicado da imprensa da Santa Sé de 2 de abril de 2011: Uma jornada de reflexão, de diálogo e de oração pela paz e pela justiça no mundo – “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz” (Assis, 27 de outubro de 2011).

xv Bento XVI, ângelus, Praça São Pedro, Sábado, 1º de janeiro de 2011.

xvi Le Figaro Magazine, 31 de outubro 1986, p. 69.

xvii Observatore Romano, 27-28 de janeiro de 1986.

xviii Mensagem de S. Santidade Bento XVI pela celebração da jornada mundial da paz 1º de janeiro de 2011, n.° 12

xix Carta de Mons. Fellay a João Paulo II protestando solenemente contra a renovação do escândalo de Assis em Roma em 28 de outubro de 1999.

xx Mensagem de S. Santidade Bento XVI pela celebração da jornada mundial da paz 1º de janeiro de 2011, n.° 7 e 11.

xxiÉ bom se elevar acima da altivez. Também é necessário alcançá-la. Eu não tenho direito de falar livremente sobre a honra como o mundo, isso não é um tema de conversa para um pobre padre como eu, mas acho que às vezes vende-se muito facilmente a honra. Ai! Todos nós somos capazes de dormir na lama, a lama parece fresca aos corações exaustos. E a vergonha, vós sabeis, é um sono como qualquer outro, um sono pesado, uma embriaguez sem sonhos. Se um último resquício de orgulho deve colocar de pé um infeliz, por que observar assim de tão perto?” Bernanos, Journal d’un curé de campagne, Plon, 1936, p. 245.

xxii Bento XVI, angelus, Praça São Pedro, Sábado, 1º de janeiro de 2011. Cf. igualmente o Comunicado da imprensa da Santa sé de 2 de abril de 2011: Uma jornada de reflexão, de diálogo e de oração pela paz e pela justiça no mundo – “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz” (Assis, 27 de outubro de 2011). “A imagem da peregrinação resume, pois, o sentido do evento que será celebrado, faz observar o comunicado: serão recordadas etapas que demarcarão o percurso, do primeiro encontro de Assis, ao de janeiro de 2002 e, ao mesmo tempo, com o olhar para o futuro com a intenção de continuar, com todos os homens e mulheres de boa vontade, a marchar no caminho do diálogo e da fraternidade, em um mundo em rápida mutação”. Já em 2007, quando das jornadas inter-religiosas de Nápoles, Bento XVI dissipava toda ilusão de uma vontade arrependimento da primeira reunião de Assis: essa reunião “nos remete em espírito a 1986, quando meu venerável Predecessor João Paulo II convida sobre a colina de São Francisco os altos Representantes religiosos a rezar pela paz, sublinhando nessa circunstância o laço intrínseco que une uma autêntica atitude religiosa com uma via sensibilidade para o bem fundamental da humanidade (...) No respeito das diferenças das diversas religiões, somos todos chamados a trabalhar pela paz” Bento XVI “Discurso aos chefes religiosos participantes do encontro internacional pela paz, em 21 de outubro de 2007, em DC, n° 2391 (2 de dezembro de 2007), p. 1037-1038.

xxiii São Pio X, Carta encíclica Notre Charge apostolique ao episcopado francês, 25 de agosto de 1910, in Documents pontificaux de S.S. Saint Pie X, tomo II, Publicação do Courrier de Rome, 1993, p. 259.

xxiv Carta de Mons. Fellay a João Paulo II protestando solenemente contra a renovação do escândalo de Assis em Roma em 28 de outubro de 1999.