CURSO
DE TEOLOGIA DOGMÁTICA
Ao nos depararmos com as obras de Deus,
atribuímo-las às Pessoas Divinas por meio de Apropriação. Na verdade, a
Santíssima Trindade realiza as obras divinas. Porém, como o Pai é o princípio
das outras duas Pessoas, por geração e processão, atribuímos a Ele a obra da
Criação. Ao Filho, por ser o Verbo Divino, atribuímos as obras de sabedoria,
como a ordem do universo e sua posterior restauração. Ao Espírito Santo, por
ser procedido do Amor Divino, atribuímos as obras de amor, como a Santificação
das almas. No entanto, há obras que são exclusivas da Segunda Pessoa como a
Encarnação e a Redenção, pois somente o Filho se encarnou no seio puríssimo da
Santíssima Virgem e somente Ele morreu na Cruz, etc.
“In principio creavit
Deus caelum et terram” (Gên. 1,1)
O Céu de que se trata o primeiro versículo da
Sagrada Escritura é o mundo espiritual com seus puros espíritos, os chamados
pelos filósofos de substâncias separadas e que nós, de modo geral, chamamos de
anjos. Obviamente, em “terra” estão designados os seres corpóreos.
Santo Tomás de Aquino, tratando-se dos seres
angélicos, busca seus fundamentos em dois autores: Pseudo-Dionísio, o
Areopagita e São Gregório Magno. Estes dois, abarcados por Santo Tomás são os
que nos apresentam, de forma mais completa, as ordens, as hierarquias e as
funções das criaturas celestes.
Sabemos pouquíssimas coisas sobre os anjos. Mas o
que nos foi revelado e o que nos é ensinado pelos santos são dados suficientes
para a nossa vida sobrenatural. E é por meio destas três coisas: ordem,
hierarquia e função que podemos ter certas noções acerca deles.
Podemos defini-los como sendo “puros espíritos, isto é, substâncias
espirituais inferiores a Deus, porém superiores ao homem” (Doutrina Católica – O Dogma, Boulenger, 7ª Lição, Dos Anjos), que louvam a Deus e O servem
diretamente ou por meio de missões relativas à criação, que possuem
inteligência muito mais elevada que a do homem, que conhecem os fatos futuros
dependentes de causas necessárias, mas que não conhecem os que dependem da
vontade humana e nem os íntimos segredos humanos. Etimologicamente, anjo (do
grego aggelos) significa mensageiro.
São eles, pois, anunciadores de Deus.
Há três hierarquias e nove ordens (ou coros)
distribuídas três a três em cada uma das hierarquias:
1ª
Hierarquia → Composta pelos Serafins, Querubins e Tronos. Contemplam a
Deus. Têm por objetivo a consideração do fim. Têm o conhecimento imediato das
razões das coisas. São mais unidos a Deus.
Serafins: Significa queimar completamente. Contemplam o Amor de
Deus.
Querubins: Contemplam o conhecimento de Deus, os seus mistérios.
Tronos: Contemplam a grandeza de Deus.
Sede de Deus. Apresentam as coisas divinas às ordens inferiores.
2ª
Hierarquia → Composta pelas Dominações, Virtudes e Potestades. Cuidam do
governo do universo, dos planos da sabedoria divina. Orientam as ordens
inferiores sobre o que se deve fazer.
Dominações: Dominam as demais ordens inferiores. São os ministros
de Deus.
Virtudes: São a força de Deus. Por esta ordem é que são operados os
milagres.
Potestades: Transmitem à 3ª hierarquia
o que deve ser feito. Visam ao cuidado com a forma correta de operar.
3ª
Hierarquia → Composta pelos Principados, Arcanjos e Anjos. Têm por objetivo
executar, propriamente falando, as ordens divinas. São os anunciadores das
coisas divinas; os mais próximos dos homens.
Principados: São os que iniciam a ação.
São os condutores das ordens inferiores. São mensageiros dos países, povos,
dioceses, etc.
Arcanjos: São os príncipes dos anjos. São
núncios das grandes coisas divinas.
Anjos: Executam as ordens simples, mas
necessárias. Uma das suas missões é a guarda de cada um dos homens.
Uma observação cabe aqui quanto aos anjos
decaídos. Todos eles preservam sua natureza e, portanto, sua hierarquia e sua
ordem. Assim, uma potestade que tenha se precipitado no inferno preserva seus
poderes naturais pertinentes à sua ordem.
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