expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

Páginas

quinta-feira, 3 de março de 2011

Do pecado


"Não posso crer n'um Deus que queira ser glorificado o tempo inteiro" - Nietzche


Introdução
A idéia de pecado nos acompanha desde quando, nas mais tenras idades, somos educados com o catecismo. Contudo, à medida que nos aprofundamos na religião católica, faz-se necessário uma melhor definição do pecado e das implicâncias que essa definição melhorada revela.
Pecado é uma palavra que deriva do hebraico e significa algo como "errar o ponto", vejamos então em que ponto erra o pecador.


1- Da ofensa à Deus
Ao indagar sobre o que é o pecado, o primeiro catecismo da doutrina cristã afirma que o pecado constitui na desobediência à lei de Deus. Contudo isso não resolve o problema do pecado em si mesmo, já que Deus não criaria as leis arbitrariamente.
Na teodicéia, podemos demonstrar que Deus é ato puro. Dizer que Deus é ato puro é o mesmo que dizer : Deus é ser puro e que Deus é o sumo bem. Se Deus é o bem supremo (aquele bem que serve de modelo para todos os bens inferiores) segue-se que qualquer tentativa de más ações são como tentativas de ignorar o bem em geral e por conseguinte o bem supremo. Assim é que Deus fica ofendido.
Interessante é que Deus não fica ofendido por ter perdido a sua glória (isso Ele não perderia, nunca), mas ofendido pelo próprio equívoco do homem. Isto é, sente-Se ofendido por alguém tentar privar o bem generalíssimo das suas ações e isso, mesmo nós criaturas ficamos não propriamente ofendidos, mas pelo menos perplexos diante de um homicídio cometido, pelo fato de tal homicida tentar privar o bem supremo da sua ação.
Acrescentando palavras aproximadas d'um sermão de Dom Tomás de Aquino: todo ação pecadora tem algo de infinito por tentar extirpar um Ser Infinito de sua causa.

2- A soberba

Quando a serpente tentou Eva, sugeriu-lhe que seria como Deus se comesse o fruto proibido. Tentada a ser como Deus, Eva sucumbe à sugestão da serpente. Este pecado que foi o original não só foi o primeiro como também o pecado que daria origem à todos os outros pecados. A primeira vista podemos ficar perplexos em como um pecado, um mal, poderia causar outro pecado, um outro mal, já que o mal não tem essência e se não tem essência não teria ato. Contudo, podemos imaginar o pecado como uma ação que tem por causa duas coisas:
  • A vontade do pecador
  • Aquela causa que impede a bondade de ser
Por isso mesmo, Pe Onofre em seus sermões afirma que o pecado é uma desordem devida ao desejo do bem proprio em detrimento do bem supremo.
Ora, ao ignorar a supremacia de Deus, a criatura só o faz por tentar crer na supremacia própria , da mesma forma que os primeiros pecadores. Esse pecado é o pecado da soberba.
Além do mais, a soberba não está entre a lista dos vícios capitais proposta por Tomás de Aquino, já que ele considera a soberba como um pecado "capitalíssimo", causa de todos os outros pecados.

3- Da virtude

Quando o homem aje em prol do pecado, o faz seduzido por uma força maior que o desvia do bem inicial a que se propõe uma ação. Assim, quando rouba, o faz já que deseja um bem, mas ignora os meios naturais de obtê-lo. Todavia quando rouba, rouba para si, o que faz pensarmos no roubo como uma mesma ação de engradecimento próprio, como se aquele que recebe o espólio do roubo(o próprio autor)o merecesse gratuitamente.
É preciso que o homem , para evitar o pecado, coloque Deus no lugar que Lhe é de direito e assuma sua posição de criatura. Nada mais justo pois.
Desta forma, a criatura precisa constantemente orar para dar glórias à Deus e assumir a humildade decorrente da glorificação de seu senhor. Por isso, mesmo o Pai Nosso, começa com um enautecimento da pessoa do Criador("Santificado seja o vosso nome") sendo que ainda outras orações o fazem.
Sigamos o exemplo do próprio Cristo no deserto que, além de jejum, praticava a oração, glorificando Deus todo o tempo.


Glória in excélsis Deo
et in terra pax homínibus bonae voluntátis.
Laudámus te,
benedícimus te,
adorámus te,
glorificámus te,
grátias ágimus tibi propter magnam glóriam tuam,
Dómine Deus, Rex cæléstis,
Deus Pater omnípotens.
Dómine Fili Unigénite, Iesu Christe,
Dómine Deus, Agnus Dei, Fílius Patris,
qui tollis peccáta mundi, miserére nobis;
qui tollis peccáta mundi, súscipe deprecatiónem nostram.
Qui sedes ad déxteram Patris, miserére nobis.
Quóniam tu solus Sanctus, tu solus Dóminus, tu solus Altíssimus,
Iesu Christe, cum Sancto Spíritu: in glória Dei Patris. Amen




Bibliografia







Tomás de Aquinto - Suma Teologica , prima secundae (Q55- 57/Q71-79)
Paulo Ricardo - Um olhar que cura

Nenhum comentário :

Postar um comentário