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domingo, 30 de dezembro de 2012

Discurso de Urbano II no Concílio de Clermont

"Acabais de ouvir o enviado dos cristãos do Oriente (São Pedro de Amiens). Ele vos disse da sorte lamentável de Jerusalém e do povo de Deus; ele vos disse de como a cidade do rei dos reis, que transmite aos outros os preceitos de uma fé pura, foi obrigada a servir às superstições dos pagãos; de como o túmulo milagroso, onde a morte não pode conservar sua presa, esse túmulo, fonte da vida futura, sobre o qual surgiu o sol da ressurreição, foi manchado por aqueles que não devem ressuscitar, senão para servir de palha ao fogo eterno. A impiedade vitoriosa espalhou suas trevas nas mais ricas regiões da Ásia: Antióquia, Éfeso, Nicéia, tornaram-se cidades muçulmanas; as hordas bárbaras dos turcos chantaram seus estandartes nas margens do Helesponto, de onde ameaçam todos os países cristãos. Se Deus mesmo, armando contra elas seus filhos, não as detiver em sua marcha triunfante, que nação, que reino, poderá fechar-lhes as portas do Ocidente?"
(...)
"O povo, digno de elogios, esse povo que o Senhor, nosso Deus, abençoou, geme e sucumbe sob o peso dos ultrajes e das exacções mais vergonhosas. A raça dos eleitos sogre indignas perseguições; a raiva ímpia dos sarracenos não respeitou nem as virgens do Senhor, nem o colégio real dos sacerdotes. Eles carregaram de ferros as mãos dos enfermos e dos velhos; crianças arrancadas dos braços maternos esquecem agora entre os bárbaros o nome do verdadeiro Deus; os asilos que esperavam os viajantes pobres na estrada dos santos lugares receberam sob seu teto profanado uma nação perversa; o templo do Senhor foi tratado como um homem infame e os ornamentos do santuário foram arrebatados como escravos. Que vos direi mais? No meio de tantos males, quem poderia reter em suas casas desoladas, os habitantes de Jerusalém, os guardas do Calvário, os servidores e os concidadãos do Homem-Deus. se não se tivesse imposto a eles a lei de receber e de socorrer os peregrinos, se eles não tivessem receio de deixar sem sacerdotes, sem altares, sem cerimônias religiosas uma terra toda coberta ainda pelo sangue de Jesus Cristo?"
(...)
"Ai de nós, meus filhos e meus irmãos, que vivemos nestes dias de calamidades! Viemos então a este século reprovado pelo céu para ver a desolação da cidade santa e para vivermos em paz, quando ela está entregue nas mãos de seus inimigos? Não é preferível morrer na guerra do que suportar por mais tempo esse horrível espetáculo? Choremos todos juntos nossas faltas que armaram a cólera divina; choremos, mas que nossas lágrimas não sejam como a semente lançada sobre a areia e a guerra santa se acenda ao fogo de nosso arrependimento; e o amor de nossos irmãos nos anime ao combate e seja mais forte que a mesma morte, contra os inimigos do povo cristão."
(...)
"Guerreiros que me escutais, vós que procurais sem cessar vãos pretextos de guerra, alegrai-vos pois eis aqui uma guerra legítima: chegou o momento de mostrar se estais animados por uma verdadeira coragem; chegou o momento de expiar tantas violências cometidas no seio da paz, tantas vitórias manchadas pela injustiça. Vós que fostes tantas vezes o terror de vossos concidadãos e que vendíeis por um vil salário vossos braços ao furor de outrem, armados pela espada dos Macabeus, ide defender a casa de Israel, que é a vinha do Senhor dos exércitos. Não se trata mais de vingar as injúrias dos homens, mas as da Divindade; não se trata mais do ataque de uma cidade ou de um castelo, mas da conquista dos santos lugares. Se triunfardes, as bênçãos do céu e os reinos da Ásia serão vosso prêmio; se sucumbirdes, tereis a glória de morrer nos mesmos lugares onde Jesus Cristo morreu e Deus não se esquecerá de que vos viu em sua santa milícia. Que afeições fracas e covardes, sentimentos profanos não vos prendam em vossos lares; soldados do Deus vivo, escutai somente os gemidos de Sião; quebrai todos os liames da terra e lembrai-vos do que o Senhor disse: Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; todo aquele que deixar sua casa, ou seu pai, ou sua mãe, ou sua esposa, ou seus filhos, ou sua propriedade por meu nome será recompensado com o cêntuplo e terá a vida eterna."
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A assembléia dos fiéis, levados por um entusiasmo que jamais a eloquência humana tinha inspirado, ergue-se totalmente e fez ouvir estas palavras: Deus o quer!
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Fonte: Joseph-François Michaud - História das Cruzadas volume 1 páginas 88 a 91

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Curso de Teologia Dogmática - 3ª Aula


CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA

 3ª Aula – Da Criação – O mundo material

 (Antes de continuar, é bom que se faça um pequeno registro. As postagens referentes a este curso consistem em um pequenino resumo das aulas ministradas semanalmente aos membros do Grupo São Domingos. Assim, os assuntos tratados nessas aulas, bem longe de serem esgotados, tendem a incutir nos membros o desejo de pesquisas, as quais podem ser feitas usando uma singela coleção de livros disponível ao grupo).

A narrativa do Gênesis é uma síntese histórico-teológica que usa de linguagem popular com o fito de atingir o entendimento das pessoas. Ora, de nada adiantaria se o Espírito Santo inspirasse Moisés a tecer os pormenores de como se deu a criação dos elementos químicos e físicos, a estruturação das moléculas, enfim, a formação detalhada do micro e do macrocosmo, sabendo-se que esse conhecimento não seria aproveitado pelo povo escolhido, já que o objetivo era a sua instrução religiosa. Daí a referência a fenômenos da natureza segundo as suas aparências. E isso vemos em toda a Sagrada Escritura como, por exemplo, é dito que Deus parou o sol para que, prolongando o dia, Josué vencesse uma batalha. Aliás, passagem essa estultamente criticada por Galileu dizendo que Deus não poderia parar o sol já que a terra é que gira. Se assim o fosse devíamos banir de nosso vocabulário expressões como “o sol nasceu”; “o sol se pôs”; etc. Portanto, deve-se ter em mente que há correntemente o uso da linguagem popular não só no Gênesis, mas também em toda a Sagrada Escritura.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA - 2ª Aula


CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA

 2ª Aula – Da Criação - Os Anjos

Ao nos depararmos com as obras de Deus, atribuímo-las às Pessoas Divinas por meio de Apropriação. Na verdade, a Santíssima Trindade realiza as obras divinas. Porém, como o Pai é o princípio das outras duas Pessoas, por geração e processão, atribuímos a Ele a obra da Criação. Ao Filho, por ser o Verbo Divino, atribuímos as obras de sabedoria, como a ordem do universo e sua posterior restauração. Ao Espírito Santo, por ser procedido do Amor Divino, atribuímos as obras de amor, como a Santificação das almas. No entanto, há obras que são exclusivas da Segunda Pessoa como a Encarnação e a Redenção, pois somente o Filho se encarnou no seio puríssimo da Santíssima Virgem e somente Ele morreu na Cruz, etc.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA


Estimados leitores, conforme prometido, daremos início às postagens de um resumido curso de Teologia Dogmática, do Grupo São Domingos de Gusmão.

CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA

Adiante trataremos das provas da existência de Deus, mas nesse curso partiremos do pressuposto de que Deus existe.

Se Ele existe teria de se revelar ao homem?

Sim, se não o fizesse seria uma obra imperfeita. O que nos leva ao defeito de Aristóteles em Teodiceia (uma das partes da Metafísica), o qual afirmava que "Deus in sub lunam non curat" (Deus não cuida do que está sob a lua – a terra); ou seja, que Deus criou tudo e se foi. Ora, na verdade, sabemos que Deus não só Se revelou a nós, como também cuida desde um simples cair de cabelo aos movimentos dos astros.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Palestra sobre a necessidade do reinado social de Cristo - Pe Daniel Maret (FSSPX)

Alguns pretendem dizer que o reinado de Cristo não é na Terra. É somente no céu. Isso não corresponde a história e não corresponde ao próprio evangelho. Então vamos tentar ver historicamente como se dá esta realeza de Jesus. 
Como se vê nos evangelhos, Jesus recusou a coroa que os judeus lhe ofereceram. Ele não queria esta realeza a moda judaica, isto é segundo um messianismo temporal que pretende substituir os reinos existentes a fim de escravizar todos os povos, colocando-os a serviço do povo eleito. Deus não queria dessa forma, por isso que recusou. Evidentemente segundo a tradição judaica, a única maneira de o messias aparecer, seria como um rei. Isso é verdade, aliás uma verdade constante, o filho do rei Adão deve ser um rei. Mas há realezas e realezas e Jesus vem estabelecer uma realeza especial, que tem a característica de ser universal, acima de todas as autoridades para ter uma influência sobre todas elas e não fazer um reino particular entre os reinos já existentes em que o seu reino suplantaria todos os reinos à moda terrena. O reino de Jesus é transcendente. 
Primeiro, há a concepção de que Jesus vem como restaurador das obras de seu Pai. Ele não renega o que fez o Seu Pai. Todas as autoridades vem do Seu Pai, de Deus e devemos respeitar todas as autoridades por amor a Jesus Cristo, na fidelidade de Jesus Cristo. O desejo de ver triunfar a verdade nas autoridades é o que se espera. 
Então se vê que muitas vezes se ouve falar que Jesus nunca fez política, economia, obra social e isso não é verdade. O fato é que Deus, Jesus Cristo, restabeleceu os princípios  de toda a vida social, por isso é preciso analisar o evangelho no contexto histórico no qual Jesus apareceu. 
Jesus apareceu em um mundo que era socialmente oriental, culturalmente greco e economicamente romano. Cada uma dessas orientações dadas respectivamente pelos essênios, saduceus e fariseus. Jesus não vai apoiar os saduceus, tampouco os essênios, os fariseus menos ainda e condenou a posição de cada um deles. Cristo não apresentou uma religião apolítica, como os essênios pretendiam, mas apresentou uma linha social, uma linha política, uma linha doutrinária por isso que os cristãos, naturalmente a tradição
Por isso que naturalmente a tradição cristã transmite valores sociais e com a presença da igreja na sociedade tem-se um resultado político e social. Isso é interessantíssimo.
Desta maneira, na história da igreja pode-se verificar o seguinte:

  • O choque da Igreja Católica com o mundo antigo (judaico, grego e romano)
    O mundo judaico representa todo fundamento da piedade religiosa, o mundo grego representa toda a cultura e o mundo romano toda a política e o exercício de autoridade. Cristo vai dar orientações aos gregos, aos romanos e aos judeus de forma a gerar orientações sociais, políticas e religiosas.
Apesar de em número inferior, em Roma começou toda uma obra social em que os católicos cuidavam de cerca de 5000 pessoas como doentes, órfãos enfim pessoas rejeitadas pela sociedade. Essa prática começou a chamar a atenção da civilização. 
Por exemplo, os pobres eram instrumentalizados pelo estado. No mundo pagão o imperador fornecia pão, jogo , fartura para acalmar o povo já que precisava de uma calma política. De forma que a vida social era sob certo aspecto calculada, mas não havia uma preocupação social. Foi a Igreja que instalou no mundo pagão essa preocupação e essa ideia vai crescer e se impor. 
Foram precisos 3 séculos de perseguição, de afronta contra este espírito (tal perseguição que provocara milhares de conversões) e assim sendo perseguida a Igreja vai crescer, quando finalmente no séc IV tem-se o triunfo do cristianismo no momento em que o imperador Constantino cria um edito para oferecer liberdade religiosa a Igreja Católica (a Igreja vai sair das catacumbas).
Obviamente ainda havia o culto pagão, mas agora a Igreja começa uma luta frente a frente entre a concepção da sociedade pagã e a concepção cristã e em menos de 1 século a Igreja vai triunfar ao ser reconhecida como uma religião mais útil, mais favorável ao estado e à sociedade, se tornando a religião oficial do estado. A religião pagã vai ser condenada e ser associada ao prejuízo da sociedade. Assim , o catolicismo na sua obra social vai ser reconhecido como melhor apoio para a obra social, para a prosperidade do estado, suprimindo a corrupção e outros crimes em geral.
Depois os cristãos vão começar a desempenhar cargos na sociedade que vão revelar aos pagãos a superioridade da concepção cristã. Se vê como Jesus virá a reinar. Isso é o reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A segunda etapa é marcada historicamente pela invasão dos bárbaros. Os bárbaros vão destruir todas a estrutura social existente e mundo romano vai cair, quer dizer, a organização social romana sucumbirá. Todos os valores sociais, políticos vão ser destituídos pelos bárbaros que vão despojar a sociedade romana de todos os seus tesouros e instalar a bagunça e a violência por todo o império. Assim é que Jesus Cristo vai reinar sobre essa situação e vai exercer o seu poder através da Igreja Católica, conservando os valores do mundo antigo, os valores culturais gregos, os valores políticos do mundo romano e transmitindo, melhorando e purificando-os. Com o apoio dos bárbaros, a igreja vai reconstruir a sociedade com a ajuda da piedade, ensinando aos bárbaros  como exercer autoridade. E assim, os bárbaros vão aos conventos ver o exemplo dos monges, a organização dos conventos, seguir o exemplo dos bispos, o exercício de poder dos bispos, sendo que os bispos se tornaram referência de forma que por todos os lugares dizia-se que debaixo do báculo do bispo florescia a prosperidade, o fim das brigas etc, mostrando o bispo como um pacificador e ordenador da sociedade.
Foi através desse exemplo associado com a doutrina da Igreja que todo esse mundo romano foi melhorado e cristianizado , dando origem a era medieval. Jesus vai exercer o seu reino sobre as inteligências, sobre as autoridades para formar esse período da Idade Média apenas seguindo o modelo do evangelho.
Então , com poucos recursos materiais, a Igreja Consegue fundar uma sociedade evoluída e realizar obras que vão ficar por toda a eternidade como as universidades, a organização social, arquitetura, urbanização. Se estudarmos e aplicarmos os princípios da urbanização, a disciplina no exercício da inteligência, o método da ciência, se os aplicarmos, teremos alto grau de sucesso. Isso é o fruto do reino de Jesus através de sua Igreja.
Agora, o demônio não deixou realizar esta obra até o fim e começou a suscitar nos meios intelectuais todo o movimento da Renascença, a revolução. Embora a Igreja tivesse criado todas as condições necessárias para  a cultura, foram exatamente pessoas de dentro desse ambiente que se apoderaram da cultura para fazer a obra revolucionária da Renascença e vão utilizar os meios próximos da Igreja, próximos de Roma, pessoas designadas pelo papa, que entraram nesse projeto que é a revolução, onde se vê triunfar o orgulho humano, que quer destronar Jesus Cristo para endeusar o homem.
Esse empreendimento vai causar a primeira revolução em Roma e depois vai se arrastar para a Alemanha, França e outros países, causando todo um movimento humanista orgulhoso que pretende restaurar o paganismo, retirando todos os esforços da Igreja para cristianizar essa cultura pagã.
Obviamente, várias revoluções vão sair dessa corrente. A primeira revolução é a revolução protestante, depois a maçonaria que vai gerar a revolução francesa e finalmente a revolução materialista comunista. Isso vai ocasionar um novo espírito, que será o espírito moderno. Um espírito que quer se desfazer da tutela da Igreja e que quer fundar uma sociedade sem a participação da Igreja, sem os valores da revelação o que vai ser a maçonaria.  Depois o demônio limitou o esforço que a Igreja, mas apesar desses obstáculos, a Igreja vai continuar a desenvolver essa doutrina do Reino Social de Jesus Cristo, vai criar diversos movimentos sociais católicos para resolver esse problema dramático dos operários que é um problema surgido por causa da revolução pagã, que pretende criar uma sociedade do trabalho sem a moral católica, criar uma identidade econômica sem a doutrina cristã.
Então vamos assistir a uma luta entre a Igreja que vai cada vez mais definir melhor toda sua doutrina social que ela praticou desde o início, mas que com todos os ataques se fará necessária uma definição do valor dessa doutrina social. Em contrapartida, o mundo demonstrará o fracasso social dessa doutrina que quer renegar esse reino de Jesus Cristo. Ou seja, o mundo atual está a nos apresentar uma confirmação da necessidade do reino de Jesus Cristo para que as coisas humanas funcionem.
Viva Cristo Rei.

(Palestra proferida em 29/out/2012 em Campos/RJ)

domingo, 28 de outubro de 2012

Sermão de 28/10/2012 - Pe Daniel Maret [Fragmento]

[...]Pilatos não acreditava na verdade, era um agnóstico, um pragmático. A verdade para ele era o que é útil. Esta maneira de exercer autoridade era uma maneira indigna, porque sem Jesus, os homens não sabem exercer a autoridade. 
Claro que no paganismo há alguns exemplos de exercício de autoridade pelo menos bons, mas sem duração, sem permanência. Foi muito breve na história humana alguns exemplos como estes e estavam centrados em interesses particulares, sob utilização das necessidades, mas nunca os homens conseguiram por muito tempo exercer essa função social. Por isso que Jesus, o messias, quis vir restaurar todas as coisas, restaurar tudo: a criação geral, o sacerdócio e a autoridade. Assim Jesus Cristo é Deus, sacerdote, sumo sacerdote e rei, isso não pode ser de outra maneira.
Os modernistas pretendem que , sob uma certa interpretação do texto evangélico, que o reino de Jesus não devia se exercer na Terra, que Jesus , no seu reino, não devia se intrometer nas coisas humanas e que o reino de Jesus começa na eternidade, se exerce na eternidade sobre os santos, mas não vem se intrometer nas coisas humanas. Por isso que os modernistas renegarem esta festa [Festa de Cristo Rei] para o fim do ano para mostrar que enquanto a igreja apresenta as realidades do fim do mundo, os modernistas apresentam a realidade de Cristo Rei no fim do mundo.  Isso não é católico. A nossa fé a Jesus Cristo confessa que Cristo na sua realeza exerce sua autoridade de rei na sociedade humana; ajuda o pai a exercer sua autoridade; o rei, o príncipe, o presidente... Por isso que o estado quer se separar da Igreja Católica, que não quer o ensino do evangelho, quer somente os valores humanos (como o ideal da maçonaria - que a família humana se governe sem a ajuda de Jesus, sem a ajuda da Igreja) e esta ideia adentrou a Igreja Católica, primeiro através das correntes liberais, e agora através das correntes modernistas.  Por isso que nós devemos aproveitar essa festa de Cristo Rei para manifestar a nossa fé, que deve combater a corrente liberal e a corrente modernista. Temos que dizer que se o reino de Jesus não veio para substituir o exercício da autoridade humana, mas veio para reformá-la, ele vai retornar. Por isso que a verdade do evangelho serve para a política, para a economia, serve para todas as obras sociais. A igreja não só serve para a piedade, mas serve para tudo, para reformar tudo, todas as instituições. Assim é que a sociedade não pode ser laicista. A sociedade deve ser forçosamente católica, essa a sua vocação. Na sua autoridade, Jesus tem essa pregação: quer reinar sobre os homens para fazer triunfar a verdade do evangelho nas constituições. Isso que é o nosso combate. Um combate não só pela missa, mas um combate que vem da missa.
É diante do altar que o rei vai aprender a governar.
No Brasil , com toda esta corrupção, com todo esse exercício corrupto da autoridade, os príncipes, os presidentes, aqueles que assumem funções sociais deviam se ajoelhar diante do altar para renunciar a tudo, para se apresentar disponível a servir o bem comum de uma maneira desinteressada. Isso que é o mistério católico. O mistério católico é para nos corrigir da nossa ganância, do nosso interesse quando exercemos uma função.
Então devemos rezar a Cristo Rei para melhor exercer na nossa inteligência a submissão a fé, submeter todos os movimentos do nosso coração debaixo da lei de Jesus e depois obter uma função social que tenha a preocupação de conhecer a doutrina social da Igreja, de conhecer como se exerce a justiça do evangelho em cada exercício de função e assim a sociedade se tornará um meio para confessar a fé católica, se tornará um monumento católico, que vai ser uma fonte de graças atuais para inúmeras almas - pessoas que querem viver em sociedade - , uma sociedade com valores humanos restaurados e ao mesmo tempo valores cristãos de salvação, de misericórdia. Isso permitirá que muitos homens, tendo acesso a riqueza da fé católica, possam cumprir suas aspirações profundas que é de ser feliz sempre. Somente em uma sociedade católica é que o homem vai encontrar os meios para realizar esse seu destino, de regular as suas paixões e de encontrar todos os meios para se converter e cumprir tal destino que é a felicidade eterna.
Rezemos a Nossa Senhora Aparecida  que nos ajude a recolocar no trono o seu filho amado. 
Que Jesus reine sobre nosso coração, sobre nossa vida e sobre nossa sociedade.



Pe Daniel Maret é prior do priorado José de Anchieta, filial da Fraternidade São Pio X no Brasil

obs.: Devido seu sotaque não consegui transcrever seu texto na íntegra.

sábado, 7 de abril de 2012

DO TRATADO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE OS SALMOS II

Extraído do 2º Noturno de Matinas do Sábado Santo



4ª Lição



“Descerá o homem ao mais fundo do seu coração, mas Deus será glorificado”. Os judeus disseram: quem nos verá? Mas ficaram logrados nos seus planos perversos. Compreendeu o homem Deus os seus planos e deixou-se prender como homem. Se não se tivesse revestido da nossa humanidade, nem os judeus o teriam prendido, nem visto, nem ferido, nem crucificado, nem morto. Submeteu-se, pois, o homem Deus a todos estes trabalhos que nada poderiam com ele, se não fosse homem. Mas se Ele não se fizesse homem, o homem não seria resgatado. Entrou, pois, o homem no fundo do coração, quer dizer, no mais secreto, apresentando-se homem ao olhar dos homens e guardando Deus oculto, dissimulando a divindade pela qual era igual ao Pai e ostentando inferior ao Pai...


5ª Lição



E até onde levaram os seus gorados planos? Até colocarem guardas no túmulo do Senhor, porque, mesmo já morto e sepultado, ainda lhes inspirava medo. Disseram, pois, a Pilatos: “Aquele sedutor”; tratavam assim Nosso Senhor Jesus Cristo, e isto deve servir de consolação para os cristãos, quando os caluniar o mundo; aquele sedutor, disseram, disse quando ainda vivia que havia de ressuscitar depois de três dias. Manda, portanto, guardar a sepultura até ao terceiro dia, não seja que venham os discípulos e o roubem e digam ao povo que ressuscitou e será o último erro pior do que o primeiro. E disse-lhes Pilatos: Tendes guardas, guardai-o como entenderdes. E eles partiram, selaram a pedra do sepulcro, e puseram-lhe guardas...


6ª Lição



Colocaram soldados no sepulcro para o guardarem. De repente, abalou-se a terra e o Senhor ressuscitou e tais milagres se deram à volta do sepulcro que até os soldados que estavam de guarda podiam ser testemunhas, se quisessem dizer a verdade. Mas aquela avareza que seduziu o apóstolo de Cristo seduziu o guarda do sepulcro. Nós damos-vos dinheiro, dizem-lhes os judeus, e dizei que enquanto dormíeis vieram os discípulos e roubaram-no. Goraram-lhes os planos realmente. Que é que dizes tu, ó infeliz astúcia? É preciso que tenhas perdido toda a luz e mergulhado nas trevas da loucura, para nos vires dizer uma coisa destas: dizei que enquanto dormíeis vieram os discípulos e roubaram-no. Como! Chamas a depor testemunhas que viram a dormir. Tu é que estavas a dormir quando tais coisas urdiste...


sexta-feira, 6 de abril de 2012

DO TRATADO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE OS SALMOS (63, 2)

Extraído do 2º Noturno de Matinas da Sexta-Feira Santa



4ª Lição

“Defendestes-me ó Deus, da conjuração dos homens e da multidão dos que operam a iniquidade”. Olhemos já agora com atenção para Aquele que é a nossa cabeça. Muitos mártires sofreram estas coisas, mas em nenhum alcançam tamanho relevo como no que é cabeça de todos eles. Aqui vemos melhor o que eles sofreram. Foi defendido da multidão dos homens perversos; defendeu-o Deus, defendeu-se ele mesmo que é Filho de Deus e homem, não abandonando o seu corpo. Porque Ele é ao tempo Filho do homem e Filho de Deus. Filho de Deus por causa da natureza divina; Filho do homem por causa da natureza humana de que se revestiu; tendo o poder de perder e recuperar a sua vida. Que lhe fizeram os inimigos? Mataram-lhe o corpo, mas não lhe mataram a alma. Reparai bem. Era pouco que o Senhor exortasse os mártires com palavras, se não desse o exemplo...


5ª Lição

Sabeis que conjuração era esta de judeus perversos e qual a multidão dos que operam a iniquidade. Que iniquidade? Porque quiseram matar Nosso Senhor Jesus Cristo. Realizei, diz, na vossa presença tantas obras boas, por qual delas me quereis matar? Acolheu com bondade todos os enfermos, curou os doentes, pregou o reino de Deus, não lhes calou os vícios, e isto devia-lhes inspirar ódio dos vícios e não do médico que lhos queria curar. Mas foram ingratos a tudo isto e como frenéticos e tomados de fúria selvática lançaram-se contra o médico que os viera curar e pensaram mata-lo, como para verificar com isto se era mortal ou algum super-homem inacessível aos golpes da morte. Salomão profetizou as palavras que eles disseram: condenemo-lo a uma morte infamante e vejamos se o que Ele diz é verdade. Se é o Filho de Deus, Deus que o livre...



6ª Lição

Aguçaram suas línguas contra mim como um gládio. Não digam os judeus: Não matamos Cristo. Com este fim O entregaram realmente nas mãos de Pilatos, para se darem por irresponsáveis da sua morte. Pois, quando lhes disse Pilatos que O matassem eles, responderam que não lhes era lícito matar ninguém. Queriam, pois, carregar o juiz com a maldade do seu crime. Mas poderiam eles iludir o Juiz eterno? Pilatos, porque praticou o crime, não pode por isso mesmo considerar-se inocente; mas ao lado deles merece muito mais condescendência. Tentou por quanto pôde arrancar-lho das mãos, e com este fim mandou-O flagelar. Não flagelou o Senhor por justiça, mas para ver se lhes saciava o furor e os abrandava e os levava a desistir do crime, vendo o Senhor flagelado. Fez isto. E porque eles persistiram, sabeis que lavou as mãos e se declarou irresponsável naquela morte. No entanto mandou-O matar. Mas se ele é réu, que matou o Senhor, coagido, eles são inocentes, que o obrigaram a dar-Lhe a morte? De modo nenhum. Ele proferiu a sentença e mandou-O crucificar, foi por assim dizer quem O matou; mas quem matou o Senhor realmente fostes vós, ó judeus. Com quê? Com a espada da língua, porque afiastes as vossas línguas. E quando O feristes? Quando gritastes: crucifica-o, crucifica-o...

domingo, 1 de abril de 2012

DOMINGO DE RAMOS

(Santo Afonso Maria de Ligório – Meditações)


I. Estando próximo o tempo da Paixão, o nosso Redentor parte de Betânia para fazer a sua entrada em Jerusalém. Contemplemos a humildade de Jesus Cristo, que, sendo o Rei do céu, quer entrar naquela cidade montado numa jumenta. – Ó Jerusalém, eis que o teu rei aí vem humilde e manso. Não temas que ele venha para reinar sobre ti ou apossar-se das tuas riquezas; porquanto vem a ti cheio de amor e piedade para te salvar e dar-te a vida pela sua morte.
Entretanto os habitantes da cidade, que, havia já tempos, o veneravam por causa de seus milagres, foram-lhe ao encontro. Uns estendem os seus mantos na entrada por onde passa, outros juncam o caminho, em honra de Jesus, com ramos de árvores. – Oh! Quem teria dito que o mesmo Senhor, acolhido agora com tanta demonstração de veneração, havia de passar por ali dentro em poucos dias como réu condenado à morte, com a cruz aos ombros!
Meu amado Jesus, quisestes fazer a vossa entrada tão gloriosa, a fim de que a vossa paixão e morte fosse tanto mais ignominiosa, quanto maior foi a honra então recebida. A cidade, ingrata, em poucos dias trocará os louvores que agora vos tributa, por injúrias e maldições. Hoje cantam: “Glória a vós, Filho de Davi, sede sempre bendito, porque vindes para nosso bem em nome do Senhor”. E depois levantarão a voz bradando: Tolle, tolle, crucifige eum – “Tira, tira, crucifica-o” (Jo. 19, 5). – Hoje tiram os próprios vestidos; então tirarão os vossos, para Vos açoutar e crucificar. Hoje cortam ramos e estendem-nos debaixo de vossos pés; então, tomarão ramos de espinheiro, para Vos ferir a cabeça. Hoje bendizem-Vos, e depois hão de cumular-Vos de contumélias e blasfêmias. – Eia, minha alma, chega-te a Jesus e dize-lhe com afeto e gratidão: Benedictus, qui venit in nomine Domini – “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt. 21, 9).

II. Refere depois o Evangelista, que Jesus chegando perto da infeliz cidade de Jerusalém, ao vê-la, chorou sobre ela, pensando na sua ingratidão e próxima ruína. – Ah, meu Senhor, chorastes então sobre Jerusalém, mas chorastes também sobre a minha ingratidão e perdição; chorastes ao ver a ruína que eu a mim mesmo causava, expulsando-Vos de minha alma e obrigando-Vos a condenar-me ao inferno. Peço-Vos, deixai que eu chore, pois que a mim compete chorar ao lembrar-me da injúria que Vos
fiz ofendendo-Vos. Pai Eterno, pelas lágrimas que vosso Filho então derramou por mim, dai-me a dor de meus pecados, já que os detesto mais que qualquer outro mal e resolvido estou a amar-Vos para o futuro, de todo o coração.
Depois que Jesus entrou em Jerusalém, e se fatigou o dia todo na pregação e na cura de enfermos, quando chegou a noite, não houve quem o convidasse a descansar em sua casa; pelo que se viu obrigado a voltar para Betânia. – Santa Teresa considerando certa vez num Domingo de Ramos, naquela descortesia para com o seu divino Esposo, convidou-o humildemente a vir hospedar-se no seu pobre peito. Agradou-se o Senhor tanto do convite de sua esposa predileta, que, ao receber a sagrada Hóstia, afigurava-se à Santa que tinha a boca cheia de sangue vivo e ao mesmo tempo gozava uma doçura paradisíaca.
Também tu, meu irmão, dirige a Jesus, especialmente quando te aproximas da santa comunhão, o convite que venha hospedar-se em tua alma, de não sofrer mais. – E agora roga a Deus que, “tendo ele feito Nosso Senhor tomar carne e sofrer a morte de cruz, para dar ao gênero humano um exemplo de humildade para imitar, te conceda a graça de aproveitar os documentos de sua paciência e de alcançar a glória da ressurreição” (Or. Dom. cor.). – Recomenda-te também à intercessão da Virgem Maria.

(Meditações, Tomo I, Domingo de Ramos, pp. 392-395)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Porque devemos apoiar a Fraternidade São Pio X?

Primeiramente para conservarmos a verdadeira fé: Católica Apostólica Romana. Esta mesma fé que aprendemos nos seus vinte séculos de cristianismo.
       A Santa Igreja é o eco fidelíssimo do Nosso Divino Redentor. O que Ela ensinou nas catacumbas continua viva, verdejantes em todos os tempos e também nos dias atuais.
       Não tem um dogma empalidecido com o tempo. Na Santa Igreja, são verdades antigas e sempre novas. Deus não envelhece! Ela às vezes reveste de uma nova roupagem, trazendo à tona verdades cridas pelos fiéis há séculos.
       Com o dogma da Imaculada Conceição, Assunção de Nossa Senhora ao Céu, etc., mas Ela nunca se contradiz.
       Em época de crise, de heresia e confusão, vamos trilhar os exemplos dos santos: «Seguir aquilo que foi crido e por todos ensinados».
       Quando debruçamos para estudar a história da Santa Igreja, vemos estampada em todos os momentos de crise. O «dedo» da Providência, suscitando homens de fé viva, de têmpera, de coragem para defender os Sagrados Direitos de Deus.
       Em todos os séculos, Deus vai realizando as grandes maravilhas para conduzir a Barca de Pedro, nestas águas revoltas deste mar bravio.
       Quando o modernismo assolava o seio da Santa Igreja. No fim do século XIX, Deus envia o grande Papa São Pio X para condenar esta heresia assoladora, que ia arrastando como uma avalanche tudo que era sagrado e santo.
       No meado do século passado, quando a heresia modernista ressurge com toda a fúria, tendo com base o Concílio Vaticano II. Deus envia dois grandes heróis na fé: Monsenhor Marcel Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer, como outrora para combater a heresia ariana. A Providência envia Santo Atanásio e Santo Hilário.
       Na Europa, Monsenhor Lefebvre fundou a Fraternidade São Pio X para dar continuidade à fé imaculada de todos os tempos, sagrando quatro Bispos, para não deixar os milhares de fiéis sem uma orientação segura, nestas horas tão difíceis.
       No Brasil, tivemos uma graça toda especial de termos à frente da Diocese de Campos, o famoso Bispo Dom Antônio de Castro Mayer que nos orientou durante o seu longo pastoreio.
       Aqui, todos nós católicos praticantes, somos imensamente gratos por termos à frente desta Diocese um tão abnegado pastor.
       Quando um novo Bispo assumiu a referida Diocese e foi plantando com toda a fúria o modernismo ou progressismo, os verdadeiros católicos reagiram com todo o empenho para defender a fé imaculada e foram forçados a abandonar as igrejas, refugiando nos cinemas abandonados, colégios particulares, nas casas, etc.
       Quando surgiu a notícia que haveria um acordo entre Roma e os Padres da tradição de Campos, todos nós enchemos de esperança na convicção de termos sempre a doutrina católica resguardada dos perigos dos erros do modernismo.
       No entanto, aconteceu o contrário. Aqueles que nós esperávamos de dar continuidade, se envolveram nos erros atuais da igreja nova. Então, fomos forçados a tomar outras medidas para conservar a fé imaculada.
       Os verdadeiros católicos perplexos, atônitos, confusos; sem um pai espiritual que pudessem governar, orientar nestas horas tão angustiantes, tiveram a feliz ideia de convidar os Padres da Fraternidade São Pio X para nos socorrer neste «mar» revolto de tanta incerteza.
       Sempre solícitos, os responsáveis pela mencionada Fraternidade prontifica a nos ajudar, enviando-nos sacerdotes para celebrar a verdadeira Missa, dando-nos os Sacramentos, orientando-nos para não cairmos nas ciladas dos inimigos.
       Todos nós deveríamos ser gratos por tamanha benevolência. Padres que abandonaram inúmeros outros afazeres para nos atender. Vindos de tão longe, sem medir esforços, atravessando obstáculos para cumprir a Lei suprema da Santa Igreja: «Salvar almas!» «Para onde iremos
       A Fraternidade não tem doutrina própria. A doutrina que ela ensina está sedimentada na tradição da Santa Igreja. A qual é infalível, caso contrário, a Fraternidade seria mais uma das centenas de seitas espalhadas pelo mundo.
       A direção da mesma é amparada por dezenas de «âncoras», as quais, só tomam uma atitude decisiva, quando consultam de comum acordo com os demais.
       Nossa missão perante Deus é muito grave. Apoiamos ou vamos esperar que o pior aconteça primeiro?
       A hora é esta! Vamos participar para que não aconteça conosco esta triste frase: «Eis que Jesus passou e não voltou mais». Não correspondida a hora da graça, como vamos responder a Nosso Senhor na hora da nossa morte?

Joelson Ribeiro Ramos.
25-02-2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Santo de Cada dia - 17 de fevereiro

Os sete Santos Fundadores dos Servitas
No século XIII, andando os mais cultos povos da Itália divididos pelo cisma de Frederico II, e pelas sanguinolentas lutas das facções políticas, quis Deus, na sua misericórdia e providência, suscitar, além doutras varões ilustres pela santidade, sete nobres de Florença que, unidos entre si pela caridade, dessem notável exemplo de amor fraterno. Chamavam-se Bonfiglio Monaldi, Bongiunta Manetto, Manetto Antelense, Amídio Amidei, Ugoccio Ugoccioni, Sosténio de' Sostegni e Alessio Faconieri.
No ano de 1233, no dia da Assunção de Nossa Senhora, estando eles numa reunião piedosa duma irmandade chamada dos Laudantes, foram avisados pela mãe de Deus que deveriam abraçar um modo de vida mais santo e mais perfeito.
De acordo com o bispo de Florença, estes sete varões ilustres, pondo de parte as riquezas, vestiram-se pobremente, cingiram-se com cilícios e, no dia 8 de setembro, natividade de Maria Santíssima, retiraram-se para uma capelinha de aldeia, a fim de começarem nova e santa vida.
Quis Deus mostrar por um milagre quando Lhe era agradável este modo de viver. De fato, como depois estes sete ilustres varões andassem na cidade de Florença a pedir esmola de porta em porta, aconteceu que de repente foram chamados servos de Maria pela voz das crianças, entre as quais se contava São Felipe Benício, que tinha apenas 5 meses de idade.
Daí em diante foram sempre chamados os servos de Maria. Para evitar o bulício do mundo, e levados pelo amor da solidão, reuniram-se todos no monte Senário e aí levaram vida quase celestial.
Viviam em cavernas, alimentando-se apenas de legumes e água, mortificavam o corpo com vigílias e outras austeridades, meditando assiduamente a paixão de Cristo e as dores da sua amargurada mãe.
E, como uma ocasião, em sexta-feira santa, se empregassem mais fervorosamente nessa meditação, apareceu-lhes de novo a Santíssima virgem e mostrou-lhes o vestuário de luto que deviam usar., certificando-os de que lhe seria muito agradável se eles fundassem na igreja uma nova ordem religiosa. Devia ocupar-se em promover a devoção às suas dores, pela contínua meditação do que ela sofreu junto a cruz do senhor.
E, como Pedro de Verona, glorioso mártir  da ordem dos pregadores, pelas suas familiares relações com aqueles santos e ainda por uma particular visão da santíssima virgem, tivesse conhecimento disto, convenceu-os a fundar uma Ordem regular, chamada dos Servos da Bem-aventurada Virgem Maria, que depois foi aprovada pelo papa Inocêncio IV.
Tendo estes santos varões agregado a si muitos companheiros, começaram a percorrer as cidades e aldeias da Itália, principalmente da Toscana, pregando em toda a parte Jesus Crucificado, acalmando as guerras civis e trazendo muitos desorientados à senda da virtude.
E não limitaram os seus trabalhos apostólicos à Itália apenas, mas pregaram ainda na Grança, na Alemanha e na Polônia. Finalmente, tendo espalhado, ao largo e ao longe, o bom odor de Jesus Cristo, notáveis ainda pelo dom dos milagres, adormeceram no Senhor.
Mas, como em vida a caridade fraterna e o amor da religião os unia, assim depois da morte foram colocados nos mesmo sepulcro, e venerados em conjunto pelo povo. Por isso, Clemente XI e Bento XIII confirmaram o culto, de há séculos prestado a cada um deles, e leão XIII, aprovados alguns milagres obtidos pela invocação coletiva dos mesmos santos, canonizou-os no quinquagésimo aniversário de seu sacerdócio em 1888, e decretou que a memória deles fosse celebrada anualmente em toda a Igreja, com ofício e missa.
cf. 15 de setembro (N. Senhora das dores)

Fonte:
Santos de Cada Dia

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Santo de Cada Dia - 16 de Fevereiro

Santos Elias, Jeremias, Isaías, Samuel e Daniel
Às portas de Cesareia da Palestina, residência do governador romano, apresentaram-se um dia cinco egípcios jovens. Voltavam da Cilícia (Turquia) aonde tinham acompanhado, para os reconfortar, compatriotas cristãos condenados às minas. Aos guardas, que lhes faziam perguntas, dirigiram eles uma linguagem tão estranha que foram tidos como suspeitos e levados ao governador Firmiliano.
-Quem sois vós? perguntou-lhes.
- Elias, Jeremias, Isaías, Samuel e Daniel, respondeu Elias que falava em nome de todos. Eram nomes desconhecidos no império romano; tinham-nos tomado do batismo; ora Firmiliano não lia o Antigo Testamento.
- Donde sois? prosseguiu.
- Somos da Jerusalém do alto.
- E onde é essa Jerusalém do alto? Perguntou o governador que nem sabia com certeza onde era a Jerusalém de baixo, uma vez que este nome tinha sido substituído dois séculos antes por Élia Capitolina.
- Está do lado do Oriente, pois é no Oriente que nasce o sol, e Jesus é para nós o sol de justiça, a luz que brilha nas trevas (Jo 1, 5).
- Mas, afinal qual é vosso ofício? - perguntou Firmiliano que nada entendia dessa linguagem esotérica, se é que não se defrontava com inimigos de Roma, vindos do oriente.
- Somos cristãos; fazemos profissão de servos de Cristo, no qual pusemos a nossa esperança e o nosso amor.
Desta vez o  governador compreendeu; e mandou que os decapitassem. Isto mesmo é que eles procuravam: como não desejar sair desse mundo para entrar em outro melhor? Não pensavam eles nos seus amigos, de quem há pouco se tinham despedido, nesses irmãos que eram tratados pior que animais nas minas de Cilícia?
O historiador Eusébio de Cesareia é quem nos informa disto; estava nas vizinhanças quando, no ano de 309, eles foram justiçados.


Santos Elias, Jeremias, Isaías, Samuel e Daniel com companheiros

Fonte:
Santos de cada dia pág 161 e 162

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Santo de Cada Dia - 15 de fevereiro

Santos Faustino e Jovita


Conta-se que dois irmãos, Faustino e Jovita, o primeiro sacerdote e o segundo diácono, começaram a pregar o evangelho em Bríxia (ou Bréscia ), sua terra natal. Entretanto apareceu na Lombardia, vindo do Oriente, o césar Adriano para suceder ao imperador Trajano. O conde Itálico se dirigiu ao seu encontro e informou-o do êxito da pregação cristã. Chegando a Bríxia, o novo imperador quis instruir pessoalmente o processo dos dois apóstolos e começou por lhes infligir diversos tormentos. depois levou-os consigo para Roma e foi renovando, em cada jornada, os interrogatórios e as torturas. Nada conseguiu abalar a constância dos dois irmãos. Por isso Adriano recambiou-se para Bríxia, a fim de serem decapitados na terra onde tinham exercido o seu zelo ( princípios do séc II).

Fonte:
Santos de cada dia - página 158

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Santo de Cada Dia - 14 de fevereiro

São Cirilo E São Metódio - Compatronos da Europa
Carta Apostólica de João Paulo II "Egregiae virtutis"


Introdução
Às ilustres figuras de São Cirilo e São Metódio se dirigem de novo os pensamentos e os corações nesse ano em que decorrem dois centenários particularmente significativos. Completam-se, de fato, cem anos desde a publicação da carta encíclica Grande Munus de 30 de setembro de 1880, com a qual o grande pontífice Leão XIII recordou a toda a Igreja as figuras e a atividade apostólica desdes dois Santos e, ao mesmo tempo, introduziu a festividade litúrgica deles no calendário da Igreja Católica. Decorre, além disso, o XI centenário da Carta Industriae Tuae, enviada pelo meu predecessor João VIII ao príncipe Svatopluk em junho do ano de 880, na qual era louvado e recomendado o uso da língua eslava na liturgia, para que "nessa língua fossem proclamados os louvores e as obras de Cristo nosso Senhor"







Vida de São Cirilo e São Metódio
Cirilo e Metódio, irmãos, gregos. Naturais de Tessalonica, cidade em que trabalhou e viveu São Paulo, entraram, desde o início da vocação, em estreitas relações culturais e espirituais com a Igreja Patriarcal de Constantinopla, então florescente por cultura e atividade missionária, em cuja alta escola se formaram. Ambos tinham escolhido o estado religioso, unindo os deveres da vocação religiosa com o serviço missionário, de que deram um primeiro testemunho dirigindo-se a evangelizar os Cazários da Crimeia.
Mas a preeminente obra missionária dos dois foi a missão na Grande Morávia entre os povos que habitavam então a península balcânica e as terras percorridas pelo Danúbio; foi ela empreendida a pedido do príncipe da Morávia, Rocislaw, apresentado ao imperador e à Igreja de Constantinopla. Para corresponderem às necessidades do serviço apostólico no meio dos povos eslavos, traduziram na língua destes os Livros Sagrados com finalidade litúrgica e catequética, lançando com isto as bases de toda a literatura nas línguas dos mesmos povos. Justamente são eles, por isso, considerados não só os apóstolos dos Eslavos mas também os pais da cultura entre todos esses Povos e todas essas nações, para quem os primeiros escritos da língua eslava não cessam de ser o ponto de referência na história dessas literaturas.
Cirilo e Metódio desempenharam o próprio serviço missionário em união tanto com a Igreja de Constantinopla, pela qual tinham sido mandados, como com a Sé romana de Pedro, pela qual foram confirmados, manifestando deste modo a unidade da Igreja, que durante o período da vida e da atividade deles não estava ferida pela desventura da divisão entre Oriente e Ocidente, apesar das grandes tensões que, naquele tempo, assinalaram as relações entre Roma e Constantinopla.
Em Roma, Cirilo e Metódio foram acolhidos com honra pelo papa e pela Igreja Romana, e encontraram aprovação e apoio para toda a sua obra apostólica, e também para a sua inovação de celebrar a liturgia na língua eslava, hostilizada nalguns ambientes ocidentais. Em Roma concluiu a vida de Cirilo (14 de fevereiro de 869) e foi sepultado na igreja de São Clemente, ao passo que Metódio, ordenado pelo papa arcebispo da antiga sé de Sírmio, foi enviado para a Morávia a fim de continuar a providencial obra apostólica, continuada por com zelo e coragem ao lado dos discípulos e no meio do seu povo até ao fim da vida (6 de abril de 885)
Compatronos da Europa
Há cem anos o papa Leão XIII com a encíclica Grande munis recordou a toda a Igreja os extraordinários méritos de São Cirilo e São Metódio, pela sua obra de evangelização dos Eslavos. Dado porém que neste ano a Igreja recorda solenemente o milésimo quingentéssimo aniversário do nascimento de São Bento, proclamado em 1964 pelo meu venerável predecessor, Paulo VI, patrono da Europa, pareceu que esta proteção quanto a toda a Europa seria melhor posta em relevo se, à grande obra do Santo Patriarca do Ocidente, juntássemos os particulares méritos dos dois Santos Irmãos, Cirilo e Metódio. Em favor disto há múltiplas razões de natureza histórica, quer da passada quer da contemporânea, que têm a sua garantia tanto teológica como eclesial e também cultural, na história do nosso continente europeu. Por isso, antes ainda que termine este ano dedicado à especial memória de São Bento, desejo que, para o centenário da encíclica leonina, se valorizem todas estas razões mediante a presente proclamação de São Cirilo e São Metódio como compatronos da Europa.

31/dezembro/1980

(Editado)
Fonte
Santos de cada dia página 155

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Santo de Cada Dia - 13 de Fevereiro

São Martiniano
    São Martiniano, eremita de Atenas, nasceu Cesareia na Palestina, no tempo do imperador Constâncio. Tendo 18 ano de idade retirou-se para um lugar solitário; mas em breve a fama de seus milagres tornou-lhe o nome célebre no Oriente.
    Vivia recolhido havia 25 anos, quando uma dama desonesta, chamada Zoé, decidiu pervertê-lo por meio de artimanhas detestáveis. Cobre-se de andrajos, dirige-se a noite à cela do santo, apresentando-se como infeliz mulher que se perdera no deserto e corre o risco de perecer, se lhe recusa hospitalidade. Martiniano comovido recebeu-a na sua cela, retirando-se ele para a casinha.
    Na manhã do dia seguinte, Zoé despe os andrajos, veste magníficos vestidos que trouxera consigo, e assim enfeitada apresenta-se diante do santo eremita. Diz-lhe que veio de Cesareia no intuito de lhe oferecer, com a sua mão, uma enorme fortuna: "A proposta que vos faço, acrescentou ela, nada tem que vos possa inquietar. Não é incompatível com a piedade que professais, e sabeis, como eu, que os santos do Antigo Testamente foram ricos e abraçaram o estado matrimonial". A exemplo do casto José, o eremita devia procurar, numa pronta fuga, a própria salvação, mas escutou a sedutora, e desde logo no seu coração aceitou a proposta. Chegava a hora do dia em que vários cristãos vinham ao ermitério receber os seus avisos e bênção. Dirige-se para eles com o intento de os despedir. Apenas ficou só, remorsos salutares dissiparam a ilusão; cora ao ver sua fraqueza, volta a cela, acende uma grande fogueira e introduz os pés na chama. A dor fá-lo soltar gritos involuntários. A cortesã acode; e qual é a sua surpresa! Vê o eremita lançado por terra, banhado em lágrimas. "Ah! exclamava Martiniano, como havia eu de suportar o fogo do inferno, se não posso tolerar este que não é mais que a sombra daquele?".
    A cortesã não pôde mostrar-se indiferente diante de tal espetáculo.
    A graça operou na sua alma. De pecadora que era tornou-se penitente, e pediu ao santo que a introduzisse nas vias da salvação. Martiniano enviou-a ao mosteiro de São Paulo de Belém, onde ela passou o resto da sua vida nas austeridades da penitência e da mortificação.
    Martiniano esteve muito tempo impossibilitado de andar. Logo que se encontrou em estado de o fazer, retirou-se para um escarpado rochedo que o mar cercava por todos os lados. Aí vivia exposto a todos os contratempos, não vendo pessoa alguma a não se um marinheiro que, de espaços a espaços, lhe trazia pão, água e ramos de palmeira para o seu trabalho. Deste modo se passaram seis anos; porém um acontecimento imprevisto veio perturbar mais uma vez a sua solidão.
    Um barco, vencido pela tempestade, despedaçou-se contra o rochedo; pereceu toda a equipagem, exceto uma donzela que agarrada a uma prancha e lutando contra as ondas, viu o eremita e chamou-o em socorro. Martiniano julgou-se obrigado a salvar uma pessoa em perigo de vida; formou porém logo o plano de abandonar imediatamente a solidão. As provisões, que ainda lhe restavam e deviam durar até a volta do marinheiro, deixou-as a esta infeliz donzela, que se tornou exemplar de penitência e depois morreu no rochedo.
    O eremita lançou-se ao mar e, cheio de confiança em Deus, a nado atingiu a terra, andou errante de deserto em deserto, e por fim chegou a Atenas, onde morreu, tendo cerca de 50 anos de idade.
    É Santo popular na Igreja grega. Celebrava-se já a sua festa em Constantinopla no século V.

Fonte:
Santo de Cada dia, pág 150-151

As Religiões da Índia I - Vedismo e Bramanismo

As principais religiões que se sucederam na Índia sãos o Vedismo, o Bramanismo, o Budismo e o Hinduísmo ou Neo-bramanismo.

VEDISMO => O  Vedismo é, entre as diversas religiões dos Hindus, a primeira de que fala a história. A religião védica está contida nos livros sagrados, chamados Vedas e particularmente no mais antigo dentre eles, o Rig-Veda. E uma religião naturalista onde os fenómenos e as forças da natureza são divinizados.  Além do que essa religião marcou a passagem do animismo primitivo bem como do seu naturalismo ao Bramanismo eo Hinduismo, sendo essas religiões desdobramentos naturais do Vedismo. Sob este aspecto, pode comparar-se
ao Paganismo, de que já falámos anteriormente, o que nos dispensa de demonstrar a sua falsidade.

O Bramanismo.
FUNDADOR => Nenhum documento nos permite fixar rigorosamente a origem do Bramanismo e, muito menos ainda, indicar o nome do fundador.

DOUTRINA => A doutrina do bramanismo encontra-se nos livros sagrados chamados Vedas, cuja interpretação é da competência exclusiva dos brâmanes, isto é, dos sacerdotes de Brama. Ora os Vedas contêm, por assim dizer, duas religiões sobrepostas s uma, que era a base da antiga religião védica, que é um politeísmo naturalista; outra, que é um panteísmo idealista junto com a ideia da mentempsicose, constitui
o bramanismo pròpriamente dito, Brama é o ser único, do qual procede o mundo, por emanação. Todos os seres saem dele e nele tornam a entrar, e assim sucessivamente, até que a alma purificada de toda a mancha possa ser definitivamente absorvida em Brama e entrar para sempre no Nirvana. A moral do bramanismo dimana desta doutrina da metempsicose. A alma passa para o corpo de um animal ou de um monstro, conforme foi julgada mais ou menos culpada; portanto a vida deve ser considerada como o mal supremo. Devemos pôr termo a estas mortes e renascimentos contínuos. Ora, para chegar a este resultado, é necessário praticar a renúncia, aniquilar a concupiscência, em resumo, extinguir em nós a sede da existência, causa de todo o mal. Deste modo, a doutrina bramânica leva à prática do ascetismo, a essas modificações exageradas dos faquires que habitam as florestas, que só se alimentam de ervas e frutos agrestes, que permanecem longos meses na mesma posição, ou ficam expostos aos ardores do sol tropical durante dias inteiros.

CRITICA => Como vimos, os Vedas são uma amálgama de politeísmo e de panteísmo. Portanto, é impossível atribuir-lhes origem divina, Ainda que a parte moral contenha sábios preceitos sobre a luta contra as paixões, e excelentes prescrições acerca da castidade, da veracidade, e da fidelidade às promessas, passa contudo em silêncio os deveres da beneficência e da caridade. Bem como as suas condenadas teorias de imanação, reencarnação entre tantos outros erros que me abstenho de tratar aqui, por não serem de minha competência, teremos a oportunidade de nos alongar nas proximas postagens do Ipsa Conteret sobre esses temas na serie sobre as Heresias (tema esse tratado por Lucas Stefano).

Obs: As imagens são fortes, mas se fazem necessárias para justamente expor ao leitor a gravidade e maldade dessas religiões!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Liberdade Religiosa e Ecumenismo - Dom Mayer

A liberdade religiosa
Assim, sobre a liberdade religiosa, podemos resumir em três itens o ensino oficial do Magistério eclesiástico: a) ninguém pode ser coagido, pela força, a abraçar a Fé Católica; b) o erro não tem direito nem à existência, nem à propaganda, nem à ação; c) este princípio não impede que o culto público das religiões falsas possa ser eventualmente, tolerado pelos poderes civis, em vista de um bem maior a obter-se, ou de um mal maior a evitar-se (Cfr. AL. Pio XII, 6.XII.1953).
Com o princípio de bom senso, que tolera a eventual existência de religiões falsas, a doutrina da Igreja atende mesmo às condições de fato de uma sociedade, religiosamente, pluralista. Não admite, porém, nem poderia admitir, no homem, um direito natural de seguir a religião do seu agrado, prescindindo de seu caráter de verdadeira ou falsa. Aceitar semelhante direito em nome, por exemplo, da dignidade humana, envolve uma profunda inversão da ordem das coisas. Pois, a dignidade do homem que toda ela procede de Deus, passaria a sobrepor-se à obrigação fundamental que tem esse mesmo homem com relação a Deus: a de cultuá-Lo na verdadeira religião.
Outra posição, lesiva dos direitos divinos, está implícita naquele princípio: o Estado deveria ser necessariamente neutro em matéria de religião. Deveria sempre dar plena liberdade de profissão e propaganda a qualquer culto. Atitude esta que contradiz o ensino católico tradicional, uma vez que, criatura de Deus, também a sociedade, como tal, tem o dever de cultuá-Lo na Religião verdadeira, e de não permitir que cultos falsos possam blasfemar o Santíssimo Nome do Senhor (Cfr. Leão XIII, Enc. “Immortale Dei” e “Libertas”). Não é difícil verificar-se que este princípio falsíssimo de liberalismo corre em meios católicos como doutrina oficial.

O Ecumenismo
Intimamente relacionada com a liberdade religiosa está a questão do Ecumenismo como ele é entendido e praticado. A liberdade religiosa que acabamos de ver, dá ao homem pleno direito de seguir sua religião, ainda que falsa, e impõe ao Estado o dever de atender aos cidadãos no uso de semelhante direito. A liberdade religiosa, pois favorece, quando não impõe, o pluralismo religioso.
Ora, acontece que, numa sociedade dilacerada por esse pluralismo, a identidade de origem de todos os homens, os mesmos problemas que resolver, as mesmas dificuldades que enfrentar, despertam nos indivíduos o anseio de buscar uma unidade de fundo religioso, visto que a comunhão na convicção religiosa é um meio excelente de congregar esforços, para a conquista do bem comum e do interesse público. Daí os movimentos visando chegar à união das várias religiões, mediante a aceitação de princípios comuns a todas elas, sem exigir a renúncia às características específicas de cada uma, que continuaria distinta das outras.
Semelhante ecumenismo muitos o restringem às confissões que se dizem cristãs.

(Fragmento da ''Carta Circular sobre a Pureza e Integridade da Fé'', 01 de Junho de 1981, Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos.)

Proteção e Mediação de Maria Santíssima - Dom Mayer

Acenamos, amados filhos, a algumas práticas, através das quais, procura-se instaurar na Igreja um cristianismo novo, destoante daquele que Jesus Cristo veio trazer à terra. Em Nossa Pastoral de 19 de março de 1966, sobre a aplicação dos Documentos conciliares, salientamos o grande perigo que de tais práticas se origina para a fé, intoxicadas, como estão, pela heresia difusa que encontra conivência na mentalidade relativista do mundo moderno. A situação é tão grave, o mal tão profundo, que hoje, mais do que em tempos passados, é necessário o apelo aos meios sobrenaturais da graça. Entregues a nós mesmos, somos incapazes de resistir à onda elevada pelos falsos profetas, e menos ainda de fazê-la amainar, de modo que possam as almas continuar serenamente nas vias da imitação do Divino Salvador.
Recorramos, pois à oração, e especialmente à devoção a Maria Santíssima, Senhora nossa. A Tradição é unânime em apresentá-La como Medianeira de todas as graças, como Mãe terníssima dos cristãos, empenhada na salvação de seus filhos, como interessada na integridade da obra de seu Divino Filho. Nas situações difíceis, em que Se tem encontrado, a Igreja habituou-nos a suplicar o valioso e eficaz auxílio da Santa Mãe de Deus, seja para profligar heresias, seja para impedir que o jugo dos infiéis pesasse sobre os cristãos. Podemos dizer que a Igreja jamais Se achou em crise tão grave e tão radical, como a que hoje alui seus fundamentos desde os seus primeiros alicerces. É sinal de que a proteção de Maria Santíssima se torna mais necessária. A nós compete fazê-la real mediante nossas súplicas à Santa Mãe de Deus. Nesse sentido, renovamos a exortação que fizemos à reza cotidiana do terço do santo Rosário, cuja valia aumentaremos com a imitação das virtudes de que a Virgem Mãe nos dá particular exemplo: a modéstia, o recato, a pureza, a humildade, o espírito de mortificação na renúncia de nós mesmos, e a caridade com que, pelo bom exemplo, como discípulos de Cristo “impregnamos de seu espírito a mentalidade, os costumes, e a vida da cidade terrena” (p.105). Confiamos que a proteção da Santa Mãe de Deus nos conservará a fidelidade à Tradição na nossa profissão de fé e nas nossas práticas religiosas, como nos hábitos de nossa vida católica.
Certo de que tão excelsa proteção jamais nos faltará, enviamos aos Nossos zelosos Cooperadores e amados filhos, Nossa cordial bênção pastoral, em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Dada e passada na Nossa Episcopal Cidade de Campos, sob Nosso sinal e selo de Nossas armas, aos onze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e setenta e um, na Santa Páscoa do Senhor.

(Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos dos Goytacazes)

ECUMENISMO - Dom Antônio de Castro Mayer

    ''O Cristianismo é a floração religiosa e cultural da Igreja, instalada na Terra por Jesus Cristo, para continuar sua obra de dar glória a Deus e salvar as almas. Depois de uma gloriosa epopeia, em que venceram o Paganismo e dominaram as heresias, os Apóstolos e seus sucessores converteram em Católico o antigo Império Romano.

 No século XVI, o orgulho de um frade apóstata, Martinho Lutero, quebrou essa unidade, substituindo a palavra oficial da Igreja pelo livre exame com que cada qual entederia a Bíblia Sagrada.

   Por volta de 1910, os emissários protestantes, com ação em terras de Missão, reuniram-se em Edimburgo, com o fim de fixar um meio de evitarem recíprocos obstáculos. Na ocasião, Carlos Brent propôs que se convidassem todos os cristãos a fazer parte desse movimento unicionista. Foi a origem do Movimento ecumênico das igrejas, responsável pelas reuniões de Genebra, Lausane e Edimburgo, Soderbon, o bispo luterano de Upsala iniciou movimento semelhante. Depois da última grande guerra, os dois movimentos reuniram-se no Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra, com representantes praticamente de todas as seitas protestantes e greco-ortodoxas.

A Igreja Católica, por isso é a única verdadeira Igreja de Cristo, jamais fez parte do CMI, e, sem caráter ou atitude hostil, deu, sobre a matéria, orientação doutrinária nas encíclicas ''Mortalium animos'' de Pio XI (06/01/1928) e ''Orientales omnes ecclesias'', de Pio XII (28/12/1945), e orientação disciplinar, na Instrução do Santo Ofício de 20/12/1949.


O Concílio Vaticano II, sob inspiração de Paulo VI, que acusava o Concílio de Trento de ter se afastado da Tradição (cf. Colóqio de Guitton, c. 13), mostreu-se muito liberal no decreto sobre o Ecumenismo. Daí o surgir, no pós-Concílio, nos meios católicos, uma literatura que se desvia dos ensinamentos de Pio XI e Pio XII''.

(Trechos do Artigo ''ECUMENISMO'', de Dom Antônio de Castro Mayer, Monitor Campista, 21/10/1984. pág. 4)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O ROSÁRIO - Dom Antônio de Castro Mayer

     O mês de outubro, por determinação do Papa Leão XIII, é dedicado à devoção do Santíssimo Rosário da Bem Aventurada Virgem Maria.

     É a palavra autorizada deste grande Papa que nos diz o valor e da eficácia desta devoção, generalizada na Santa Igreja, mas que conta com adversários sinuosos e perseverantes. Leão XIII parece descrever a situação de hoje. Daí a atualidade de suas palavras. Diz ele:

     ''E de todos conhecídissimo com quantas e quais meios de corrupção a malícia do mundo, iniquamente, se esforça por enfraquecer e por extipar, inteiramente, dos corações a fé cristã e a observância da lei divina, que alimenta essa fé e a faz frutificar. E, já por toda parte, o campo do Senhor, como que talado por uma terrível peste, quase se asselvaja, pela ignorância da religião, pelo erro e pelos vícios.

     E o que é ainda mais doloroso, é que aqueles que poderiam e teriam o sagrado dever de porem um freio ou de infligirem justas penas à perversidade tão arrogante como que lhe dando incentivo, ou pela inércia, ou pelo apoio. Por isso, temos muita razão de entristecer-nos por vermos que às escolas públicas, deliberadamente , se tenha dado uma organização tal, que consente que o nome de Deus seja nelas calado, ou ali seja ultrajado.

    Devemos entristecer-nos, outrossim, com a licença, cada vez mais disfarçada de imprimir ou pregar toda sorte de ultrajes contra Cristo, Deus e sua Igreja... A prática da vida já agora não está mais de acordo com a fé. Quem considerar esta perversão a esta ruína dos interesses mais vitais, certamente não se admirará se, por toda parte, as nações gemem, sob o peso dos castigos divinos, e ficam consternadas pelos temor de calamidades ainda mais grave''.

    Feito o diagnóstico da situação sócio-religiosa, aponta o Papa na oração especialmente do Santo Rosário, o meio seguro de obter o saneamento do mal:

     ''Para aplacar a majestade de Deus ofendida e para proporcionar o necessário remédio àqueles que tanto sofrem, certamente não há melhor meio do que a oração devota e perseverante, unida ao espírito e à prática da vida cristã. Para conseguir esses dois escopos, julgamos que o mais indicado meio é o ''Rosário Mariano''.

     Leão XIII recorda aqui como a devoção do Santíssimo Rosário, espalhada por São Domingos de Gusmão, purificou o sul da França da peste dos Albigenses, ''pertubadora e corruptora da integridade da Fé e dos costumes''.

     Leão XIII ordena que, no mês de outubro, diariamente se reze ao menos o Terço do Santíssimo Rosário, durante a Missa, se o exercício fizer pela manhã, diante do Santíssimo Sacramento exposto, caso seja ele realizado à tarde. Esta praxe instaurada por Leão XIII é ainda lembrada pelo Diretório Litúrgico, no fim do mês de setembro.

(Dom Antônio de Castro Mayer, Monitor Campista, 18 de Outubro de 1981).

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sermão do Padre Cardozo 22/01/2012 - Campos dos Goytacazes

Era uma vez três anjinhos que desejavam conhecer o mundo. Foram os três pedir a São Pedro que permitisse que eles saíssem. São Pedro, no entanto, respondeu que deveriam pedir autorização a Jesus. Os três anjinhos foram, então, pedir a Jesus que Ele deixasse que fossem conhecer o mundo. Jesus permitiu, mas disse a eles o dia e a hora que deveriam retornar.
São Pedro abriu as portas do Céu e lá se foram os anjinhos.
Um deles ficou admirando o belo entardecer de um dia. Outro se encantava de ver as paisagens dos montes. O outro se entretinha brincando com um menino em um berço. Até que chegou a hora combinada para o retorno ao Céu. São Pedro, então, abriu as portas e entrou o primeiro e o segundo anjinho. Mas, e o terceiro?! Não havia retornado. São Pedro fechou as portas. Algum tempo depois o terceiro anjinho chegou pedindo para entrar. São Pedro respondeu-lhe: “Lembras o que aconteceu lá no início quando alguns anjos desobedeceram a Deus? Agora, para que você possa entrar novamente, terá que trazer para Deus a coisa que Ele mais gosta.” Em seguida, fechou a porta.
O anjinho ficou pensando o que poderia ser essa coisa. Pensou, então, em buscar uma estrela, a maior e mais brilhante de todas, pois assim Jesus poderia colocar na coroa da Virgem Maria, Ela ficaria feliz, Ele também, haveria festa no Céu e ele conseguiria entrar. Foi o anjinho buscar aquela estrela e levou até São Pedro. Este respondeu: “Anjinho... Não sabes que Deus pode criar quantas estrelas quiser, maiores e mais brilhantes que esta?” E fechou a porta.
O anjinho ficou pensativo e lembrou-se que Jesus gosta da humildade. Foi então buscar uma flor bem pequenina, porém muito bela, que lembrava ter visto no seu passeio à Terra. Assim, Jesus poderia oferecer aquela florzinha à Virgem, Ela ficaria feliz, Ele também e assim ele conseguiria entrar no Céu. Assim fez. Foi buscar a florzinha e levou-a a São Pedro, que respondeu: “Anjinho, anjinho... Não sabes que Deus pode criar quantas flores quiser e tão belas quanto desejar?! Vou te dar uma dica: Você tem que trazer a coisa que Deus mais gosta e que, no entanto, Ele não pode fazer.” O anjinho assustou-se: “Mas, como Ele não pode fazer se Ele é Onipotente?! O que será essa coisa?!” São Pedro fechou novamente a porta. 
Pensando no que poderia ser aquilo, o anjinho foi vagar pela Terra. Avistou uma igreja e nela entrou. Enquanto estava lá, viu entrar um velho com uma bengala. Sua feição não era das melhores. Pensou o anjo: “Este não deve ter sido um anjinho na sua vida.” O velho, então, dirigiu-se ao confessionário e lá se ajoelhou. Curioso, o anjinho foi ver o que ele dizia ao padre. Chegando lá, viu que aquele velho chorava os seus pecados. O anjinho estendeu a sua mão e deixou que as lágrimas daquele homem caíssem sobre ela. Saiu dali e foi falar com São Pedro: “Veja, São Pedro. Agora sei do que se trata. Trouxe para Jesus a coisa que Ele mais gosta e, no entanto, não pode fazer: as lágrimas de um pecador arrependido.”
Naquele momento, São Pedro abriu as portas do Céu e deixou que o anjinho finalmente entrasse.

(Sermão do Padre Cardozo em 22 de janeiro de 2012)

Devido ao livre arbítrio, Deus não pode obrigar um pecador a se converter.
Rezemos pela conversão dos pobres pecadores e peçamos também perdão pelos nossos pecados e a graça de um sincero arrependimento: “Perdão, perdão, ó Divino Coração.”

“Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa.” (São Lucas 15, 10)
 (Laura Panisset)

domingo, 22 de janeiro de 2012

O Catolicismo de Hitler

Só a Igreja se pronunciou claramente contra a campanha hitlerista que suprimia a      liberdade. 
Até então a Igreja nunca tinha chamado minha atenção; hoje, porém, expresso
admiração e meu profundo apreço por esta Igreja que, sozinha, 
teve o valor de lutar pelas liberdades morais e espirituais”
(Albert Einstein no The Tablet de Londes)


1- Introdução
Muito se fala hoje em dia contra a Igreja de Cristo. Um dos mais maliciosos argumentos era o de que A. Hitler fora católico e que suas atrocidades se devem a sua crença. Esse artigo visa esclarecer todos as premissas básicas dessa calúnia para que os católicos não se dispersem na sua fé e para que, principalmente, os anti-católicos se retratem das suas mentiras.
2- Argumentação anti-católica
2.1- Falas de Hitler

  • "Com essa missão, o estado, pela primeira vez, assume sua verdadeira finalidade. Em vez do palavreado irrisório sobre segurança da paz e da ordem, por meios pacíficos, a missão da conservação e do progresso de uma raça superior escolhida por Deus é que deve ser vista como a mais elevada" (Mein Kampf)
  • "Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus." (Mein Kampf, pág 46)
  • "Eu acredito que hoje eu estou agindo no sentido de o Criador todo poderoso. Ao repelir os judeus, estou lutando pelo trabalho do senhor." (Discurso no Reichstag)

    Lendo-se

    superficialmente as frases de Hitler, tem-se a impressão de que eleera, assim como Abel, um justo servidor do Senhor e que pretendia realizar no mundo os desígnios desse mesmo Senhor. Poderíamos acreditar, que ele era um católico até conservador, já que nenhum católico liberal coloca como causa de suas ações o Senhor.
2.2- A comunhão de Hitler com o papa
Mesmo que a tese anterior forneça apenas um indício do catolicismo de Hitler, existem argumentos que em conjunto com os anteriores reforçam ainda a tese.








Podemos notar nas fotos acima o encontro de Hitler com o papa. Parece que o papa, não só apoiou o regime, como esteve presente em uma de suas manifestações. Fato consumado. Então parece que, de fato, o nazismo oriundo de Hitler, era oriundo antes de tudo do seu catolicismo, por isso mesmo é que o papa apoiou a Hitler e seu nazismo, por ver naquilo uma expressão do catolicismo. Ainda que discordem, podemos ver na foto abaixo o papa Bento XVI, quando ainda era novo, fazendo uma saudação nazista


    

    
Ora, é inegável que a Igreja, se no mínimo não apoiou o nazismo, pelo menos tinha por ele um forte apreço.


3- Solução dos Problemas
3.1- A Gnose
A gnose é uma corrente mística oriunda da Pérsia e que se define por pelo menos três proposições:
  1. A alma é uma partícula divina;
  2. A vida é a encarnação da partícula divina na matéria;
  3. A matéria é essencialmente má.
As conclusões de se admitir verdadeiras essas proposições são inúmeras. Pode-se concluir que se foi Deus quem encarnou o homem na matéria, tal Deus é mal. A vida, como resultado de uma maldade, é por si mesmo má. Se toda alma é uma partícula divina, não há diferença entre a alma de um animal e uma alma humana, o que produz a desigualdade é a matéria. Por isso mesmo, a razão, a sensação e percepção não passam de "efeitos ilusórios" do mundo material. Enfim, um diversidade de conclusões.

3.2- A Gnose de Hitler
  • "Nós queremos homens livres, que sentem que Deus está neles" (Hitler)
Nota-se claramente nessa outra exclamação de Hitler, a Gnose (proposição 2). Que outra coisa seria essa sensação de Deus nos homens, senão a própria Gnose?

Santo Agostinho que fora outrora um gnóstico da seita dos Maniqueus, denuncia todos os erros desse sistema abominável no seu livro "Contra Manicheos", mas é o doutor angélico que pergunta na Suma contra os Gentios se a alma é uma partícula de Deus.
Nesse artigo, não pretendemos refutar a Gnose. Por isso demos apenas as conclusões de Santo Tomás, que podem ser facilmente encontradas na Suma contra os Gentios. 
Tanto Santo Agostinho quanto São Tomás são doutores da Igreja. Seus raciocínios constituem, portanto, o raciocínio da Igreja. Ora, Hitler não defendia tais raciocínios, não podendo ser fiel a Igreja.

3.2.1- Santo Tomás contra a Gnose, portanto contra Hitler
Na Suma contra os Gentios, Santo Tomás conclui inúmeras proposições. São algumas delas:
  • Como Deus não pode ser forma de nada (demonstrado por ele anteriormente na Suma), alma não pode provir de Deus, já que a alma é forma do corpo (demonstrado anteriormente).
  • Como Deus é ato puro, não pode a alma provir de Deus, já que a alma, (por exemplo) aprende. Quer dizer, passa de potência do conhecer a ato de conhecer.
  • Como Deus é unidade pura e uma só substância, segue-se que é indivisível e que, se fosse divisível, a alma teria em si toda a substância de Deus, assim todos os homens possuiriam a mesma substância e portanto, o mesmo conhecimento e as mesmas virtudes.
  • Como a alma se forma com o corpo (demonstrado anteriormente), segue-se que não é uma partícula divina, já que Deus é anterior ao corpo.



3.3- Hitler contra as religiões
Algumas frases de Hitler, denunciam seu horror as religiões até então existentes.
  • "As religiões? Todas valem umas quanto as outras. Elas não têm, umas e outras, qualquer futuro. Pelo menos quanto aos alemães. O fascismo pode, se quiser, fazer sua paz com a Igreja. Eu farei o mesmo. Por que não? isto não me impedirá de extirpar o cristianismo da Alemanha" (Hitler)Hitler que outrora se demonstrou católico, quer agora extirpar o catolicismo da Alemanha. Como pode ser tão contraditório?


Tal pseudo contradição se resolve da seguinte maneira. As falas humanas não são falas técnicas, de forma que temos que elucidar todo o contexto para compreendermos o seu real significado. Daí, é possível que "ser católico" fosse só uma expressão. O que pode se confirmar por outra fala de Hitler:

  • "Certamente a Igreja foi alguma coisa outrora. Agora, nós somos os seus herdeiros, nós também nós somos uma Igreja"
Fica claro como Hitler se considerava herdeiro da Igreja, aproximadamente da mesma forma que Lutero é também um herdeiro da Igreja. Isso só significa sua ruptura com a Igreja de Cristo. Até mesmo por considerar o Nazismo uma outra Igreja.
Todo Católico diz que fora da Igreja não há salvação. Mas Hitler, o católico, diz que a Igreja ruiu e que a salvação para os alemães está dentro do Nazismo. Por isso que ele afirmara:
  • "À doutrina cristã do primado da consciência individual e da responsabilidade pessoal, eu oponho a doutrina da nulidade do indivíduo e de sua sobrevivência na imortalidade visível da nação. Eu suprimo o dogma da redenção dos homens pelo sofrimento e pela morte de um Salvador divino e proponho um dogma novo da substituição dos méritos: a redenção dos indivíduos pela vida e pela ação do novo Legislador-Führer, que vem aliviar as massas do fardo da liberdade"
Nota-se ainda, que ele não só se retirou da Igreja, como também "desmentiu" a redenção dos homens pelo Cristo. E mais prodigiosamente disse ser ele o redentor dos homens. Talvez por isso se fizesse necessário a fundação de uma nova instituição religiosa. E foi isso mesmo que ele fez.

3.4- Deutschen Christen
Assim que Hitler subiu ao poder, imediatamente pediu a Igreja Evangélica da Antiga união Prussiana para redigir um texto de acordo com os princípios nazistas. A união, que até então não tinha muito prestígio, aceitou e em abril do mesmo ano, apresentou um documento que esculpia a nova religião alemã. Curioso é Hitler ter pedido justamente a uma Igreja Protestante para fazê-lo, já que outrora afirmara:
  • "Por meu intermédio, a igreja Protestante poderia tornar-se a igreja oficial, como na Inglaterra".
A nova religião chamou-se Deutschen Christen ( Cristãos Alemães) e na foto abaixo, podemos vê-la a comemorar em Berlim o dia de Lutero.







    Nenhum católico comemoraria em sã consciência o dia de Lutero. Mas Hitler, o católico, comemorava publicamente. 
3.7- O Nazismo contra a Igreja



3.5- O Anti-semitismo
    Sabendo da admissão gnóstica de Hitler a favor da religião, conclui-se que o Nazismo tinha sim um caráter religioso, mas que sua religião era sobretudo a religião do arianismo. 
     Os hebreus de quem os judeus descendem, são descendentes de Adão e herdam, por isso, seu pecado original. Há contudo, correntes teológicas que negam que Adão tenha sido um homem, mas afirmam que Adão fora um conjunto de homens que teriam pecado. Pe Fábio de Melo pertence a essa corrente, segundo ele mesmo declarou no programa Jô Soares recentemente.
     Ora, se haviam tantos homens na época do pecado de Adão, haviam alguns homens que não pecaram. E é desses homens que descendem a raça ariana. Para Hitler, Cristo descendia da raça ariana. Por isso mesmo é que ele proibiu a redenção de Cristo. Se o povo alemão era ariano, logo não precisaria de nenhuma redenção.
    Ao mesmo tempo, o papa Pio XII declarou que de certa forma, todos os cristãos são semitas, por descenderem dos hebreus. Vemos portanto, como Hitler está em desacordo com tudo o que a Igreja de Cristo prega.


The Jewish News noticiando a ajuda do Vaticano aos judeus italianos


3.6- A Igreja contra o Nazismo
    A Igreja Católica sempre teve um caráter ideológico, por isso sempre condenou idéias. Não seria diferente no período do Nazismo. Sabe-se que o papa Pio XI imediatamente publicou uma encíclica que condena todos os princípios do Nazismo. E ainda escreveu em alemão para que todo povo alemão germânico tivesse acesso. 
     A encíclica "Mit brenneger Sorge" prudentemente não cita as palavras Nazismo e nem Hitler, pois não queria o papa que Hitler iniciasse imediatamente uma perseguição declarada contra a Igreja. Mesmo assim, quando Hitler esteve em Roma, retiraram o pontífice de lá por medo de algum ataque.
     Outro fato interessante é que mediante a criação do nazismo pelo partido de Hitler, a Igreja heretizou todas as suas teses e proibiu sob pena de excomunhão, os católicos de participarem de tal partido, por isso mesmo é que o Nazismo iniciou uma caça a todos os clérigos católicos.

Jornal Milwaukee Sentinel de 22 de março de 1937

3.7- O Nazismo contra a Igreja
Logo após observar que a Igreja de Cristo tinha um poder hierárquico sobre o mundo, Hitler tratou de ameaçar os clérigos. Os sacerdotes e bispos eram todos inimigos do estado alemão e por isso mesmo que ele os aprisionou em campo de concentração. O campo de Dachau, também chamado de campo dos padres por conter aproximadamente 3000 clérigos das mais diferentes posições hierárquicas. Um deles foi beatificado por João Paulo II em 1996. Negar que Hitler caçou e condenou os membros da Igreja é praticamente negar a existência do campo de Dachau, que continha em média um clérigo a cada dez prisioneiros.




Jornal falando da censura de Hitler ao documento "Mit Breneder Sorge"
    

3.8- As fotos
Curiosamente a política anti-cristianismo utiliza dos mesmos meios que o Nazismo utilizara: A propaganda. E propaganda das mais mentirosas. Na ânsia de combater a Igreja, muitos anti-cristãos agem com disfarce e mentira, tal como a serpente fez com Eva. Nota-se que a foto de Bento XVI foi cortada da foto original:




    A mentira não é senão risível, frente aos fatos facilmente peneiráveis diante da internet.



    Na foto acima, podemos ver o ex-presidente americano com judeus ortodoxos. Pode-se concluir através disso que ele era judeu?
    Já na foto em seguida, podemos ver Bento XVI seguido de outros líderes religiosos. Quer dizer que eram todos católicos ou que o catolicismo "fundou" tais religiões?

3.9- Contra as afirmações de Hitler
    "Nem todo aquele que diz "senhor, senhor" entrará no Reino dos Céus."
    As palavras de Cristo são as palavras dos Cristãos. Hitler invoca a todo tempo a palavra "Senhor" para designar seu "mentor". Vimos que seu mentor não passa do demiurgo gnóstico criador do mundo material, mas que ele atrevidamente chama de Deus. Vimos ainda que ele fundara uma outra religião contra a religião de Cristo. Por quais motivos ele teria declarado-se católico?
    Hitler adorava o Romantismo alemão. Tanto adorava que declarou após assistir Rienzie, do compositor romântico anti-semita Richard Wagner, que finalmente tinha conseguido sintetizar toda a idéia do nazismo. Alguns documentários afirmam que Hitler teria assistido Rienzie mais de 40 vezes. Devia ser ele mesmo um profundo entendedor da obra.
     Então como levar tecnicamente as palavras de um romântico que só afirmava incongruências ideológicas? Um cínico ou um ingênuo o poderiam, mas sob o olhar crítico da história, nenhum homem racionalmente o pode.


4-Conclusão

     Dizer que Hitler era Cristão somente levando em conta suas próprias afirmações é como dizer que o gato abaixo é um coelho pelas mesmas razões.



5- Bibliografia
http://www.portalateu.com/2010/09/17/palavra-de-ateista/
http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/5667
http://www.ilgiornale.it/interni/le_bugie_anticattoliche_ecco_bufala_foto__di_ratzinger_nazista/12-06-2010/articolo-id=452472-page=0-comments=1
http://en.wikipedia.org/wiki/German_Christians
http://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_de_Dachau
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20060218152655&lang=bra
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=19991218001716&lang=bra
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090404100909AAlj6J0
http://news.google.com/newspapers?id=fhlQAAAAIBAJ&sjid=Ng0EAAAAIBAJ&pg=6430%2C4227971&dq=pope+pius+nazi&hl=en
http://revistavilanova.com/deu-no-jornal-papa-condena-o-nazismo-e-veementemente/
Santo Tomás - Suma contra Gentios pág 687 e 688- Editora BAC