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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tota pulchra es, Maria, et macula originalis non est in te

Por Laura Peixoto

O pecado original trouxe, a todo o gênero humano, as mais funestas conseqüências, levando-nos à inimizade de Deus, a tornar-nos escravos do demônio e merecedores do inferno. Nas palavras de São Pio X: “Deus, porém, não desamparou Adão e sua descendência em tão desventurada sorte. Em sua infinita misericórdia prometeu-lhes logo um Salvador (o Messias), que haveria de vir para livrar o gênero humano da servidão do demônio e do pecado, e merecer-lhe a glória.” No entanto, dessa desventura da culpa original, livrou Deus a Santíssima Virgem, destinada para ser a Mãe do Salvador. O Cardeal Cusano disse sobre isso: “os outros tiveram um Redentor que os livrou do pecado já contraído; porém, a Santíssima Virgem teve um Redentor que, em sendo seu Filho, a livrou de contrair o pecado”. Vejamos, seguindo o que escreveu Santo Afonso de Ligório, alguns dos motivos pelos quais convinha à Santíssima Trindade isentar Maria dessa culpa:

1. Maria: filha primogênita de Deus – Ao Pai Eterno convinha poupar Maria da culpa original, pois que ela é a sua filha primogênita, a primogênita do Senhor. Dessa forma, era muito conveniente que ela não fosse escrava de Lúcifer por um momento sequer, pertencendo unicamente a Deus, seu Criador.

2. Maria: reparadora do mundo perdido e vencedora da serpente infernal – Assim como a Arca de Noé livrou os homens do dilúvio, também por Maria somos salvos do pecado. Por ela veio ao mundo o Salvador. É inconveniente, no entanto, que o intermediário da paz seja inimigo do ofendido. Por isso, Maria não podia aparecer como inimiga de Deus. Além disso, a Santíssima Virgem foi posta no mundo para vencer a serpente infernal. Não convinha, por isso, que ela houvesse sido subjugada e escravizada pelo demônio.

3. Maria: Mãe de Jesus Cristo Nosso Senhor – Santo Afonso nos diz que, tendo Maria sido destinada para Mãe de Nosso Senhor, era necessário, pela honra do seu Filho, que Deus a criasse pura e sem mácula, preparando para o Salvador uma digna morada. Como Deus poderia, então, dar a Lúcifer o ensejo de exprobrar ao Filho a vergonha de ter nascido de uma sua escrava? Assim repetimos com o Ofício da Imaculada Conceição: “A nobreza do Filho assim pedia a culpa de Eva não tocar Maria.” “Deus, que pôde conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não poderia também tê-la concedido a Maria?”. Pôde e assim fez. Não obstante o Pai querer preparar ao Filho uma digna habitação, Santo Afonso diz ainda que “nenhum outro filho pode escolher sua mãe. Mas se a algum deles fosse dada tal escolha, qual seria aquele que, podendo ter por Mãe uma Rainha, a quisesse escrava? Ou, podendo tê-la amiga, a quisesse inimiga de Deus?”. Assim, se Nosso Senhor pudesse fazer sua Mãe a mais santa de todas e não quisesse, não seria um bom filho. Tomás de Estrasburgo diz que “certamente pecaria o filho que, podendo preservar a mãe da culpa original, não o fizesse logo. Mas, o que para nós é pecado, não seria certamente decoroso ao Filho de Deus”. E se, no entanto, quisesse fazer sua Mãe a mais santa de todas, mas não pudesse, não seria certamente Deus. No entanto, ele quis, pôde e fez. Santo Afonso ainda nos recorda que o Senhor nos deu o preceito de honrar os nossos pais. Por isso, Ele próprio não quis deixar de observá-lo e, assim, cumulou a sua Mãe com todas as graças. Logo, Deus Pai quis conservar pura e imaculada aquela que receberia em seu seio o seu Divino Filho; e o Filho quis atender à honra de sua Mãe preservando-a de toda mancha.

4. Maria: Esposa do Divino Espírito Santo - É Maria Mãe de Deus e também sua Esposa. “O Espírito Santo descerá sobre ti” (Lc 1, 35). Convinha, portanto, à Esposa do Espírito Santo uma formosura ilibada. Sobre esse ponto nos exemplifica Santo Afonso: “Suponhamos que um excelente pintor tivesse que desposar uma noiva, formosa ou feia, conforme os traços que lhe desse. Que diligência não empregaria, então, para torná-la a mais bela possível!”

Vê-se, portanto, que foi sumamente conveniente à Santíssima Trindade que preservasse Maria do pecado original. Foi então que, em 8 de dezembro de 1854, pela Bula Ineffabilis, Pio IX declarou dogma de fé a doutrina que ensina ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha, por um especial privilégio divino. A partir de então, em todo oito de dezembro a Igreja comemora a festa da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem, exclamando: “Toda és formosa, ó Maria, e em ti não há mácula original”.

Procuremos, pois, defender sempre esse nobre título da Virgem Maria e invocar o seu nome nas dificuldades dessa vida.

Ó doce Senhora, que a devoção à vossa Imaculada Conceição faça-a volver a nós os vossos olhos misericordiosos para que, amparados por vós e com o auxílio da vossa intercessão, possamos alcançar a bem-aventurança e louvá-la para sempre no Céu.

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