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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA


Estimados leitores, conforme prometido, daremos início às postagens de um resumido curso de Teologia Dogmática, do Grupo São Domingos de Gusmão.

CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA

Adiante trataremos das provas da existência de Deus, mas nesse curso partiremos do pressuposto de que Deus existe.

Se Ele existe teria de se revelar ao homem?

Sim, se não o fizesse seria uma obra imperfeita. O que nos leva ao defeito de Aristóteles em Teodiceia (uma das partes da Metafísica), o qual afirmava que "Deus in sub lunam non curat" (Deus não cuida do que está sob a lua – a terra); ou seja, que Deus criou tudo e se foi. Ora, na verdade, sabemos que Deus não só Se revelou a nós, como também cuida desde um simples cair de cabelo aos movimentos dos astros.



Antes de Deus determinar aos homens que materializassem pela escrita a Revelação, esta se dava de forma oral e direta. Assim, vemo-Lo no Éden se revelando aos nossos primeiros pais por meio dos colóquios vespertinos.

Com a queda do gênero humano, esse primeiro laço rompeu-se. Fez-se necessário a religação da amizade entre Deus e o homem, causando a Promessa da Redenção. Mas, após esse período inicial, Deus, em Sua infinita Sabedoria, manteve o contato com o homem por meio dos Patriarcas, dos profetas. Com Moises, se dá início a já mencionada Revelação escrita. Daí, temos que a Revelação – contra a Sola Scriptura de Lutero – se deu forma oral e escrita.

Deus revela-se a Moisés como sendo AQUELE QUE É. O Ser por excelência, cuja essência é sua própria existência. O único ser que existe verdadeiramente, pois os demais seres têm uma existência participativa, dependente da Dele. Portanto, Ele é UNO: um só além de Si, porque não há outro igual; um só em Si, porque indivisível em sua essência.

Aqui, vemos o esplêndido encontro da Teologia com a Filosofia perene, pois a definição – AQUELE QUE É – é a mesma dada pelo filósofo. É o coroamento da daquela é a esteira por onde se apoia a Sã Teologia.

Diz-nos o Catecismo que Deus é um Espírito Perfeitíssimo. Como tal há, pois, em Si, inteligência e vontade que são as faculdades de qualquer espírito. E, sendo a inteligência divina infinita, por ela, Deus conhece tudo em um só ato. Mas esse tudo, na verdade, é um ser, é o Ser: ao inteligir, em um só ato, Deus busca, desde toda a eternidade, um só ser. Este Ser é o que vai satisfazer sua infinita inteligência. Para tanto, deve ter todos os tributos que Ele próprio tem. Ora, este Ser não é outro senão o próprio Deus. Portanto, Deus, pela sua infinita inteligência, desde toda a eternidade, só conhece a Si mesmo. Pois Ele se basta a Si mesmo.

Toda inteligência, ao agir, gera um produto, um ser. Toda a vez que usamos nossa inteligência para conhecer algo, acabamos por gerar algo, o que em filosofia chamamos de Ideia, de Verbo Mental. Assim, ao conhecer, nós concebemos a ideia: isso é a verdadeira geração.

O que acontece em nossa pobre e ínfima inteligência é reflexo do que ocorre, de modo perfeitíssimo, em Deus. Desta forma, ao conhecer a Si mesmo, numa eterna reflexão, Deus gera algo, a Ideia, o Verbo. Ora, como não há acidente em Deus, esta Ideia, este Verbo gerado é substancial, é algo de infinito, de eterno, de perfeito, etc. Esta ideia, este Verbo gerado por Deus é o próprio Deus. O Deus gerador gera o Deus gerado, Verbo substancial – em uma mesma essência. Eis que estamos diante de duas Pessoas Divinas: o Pai que, desde toda a eternidade, pelo intelecto divino, gera o Filho, semelhante ao Pai em tudo, menos naquilo que, obviamente, os diferencia: o Pai existe gerando e o Filho existe sendo gerado.

Há, daí, um desdobramento, porque Deus é também vontade. Igual à inteligência divina, a vontade divina é infinita, perfeitíssima, etc. Ora, como diz Santo Tomás, “nihil amatur quod non cognoscitur” (ninguém ama o que não conhece) e, portanto, só se ama o que se conhece. Em Deus, isso se torna veríssimo. Pois, ao gerar o Verbo eterno, o Pai, pela vontade infinita, não faz senão amá-Lo infinitamente. O Filho, ao ser gerado, também de modo infinito, ama o Pai. Ora, conforme dito, não há acidente em Deus. Portanto, o infinito amor procedido do Pai e do Filho é substancial, é igual a ambos: eterno, imutável, perfeito, etc. Eis a Terceira Pessoa em Deus, à qual se dá o nome de Espírito Santo.

Portanto, Deus é Uno em essência, o Ser por excelência, que participa sua existência com os demais seres ditos existentes. É também Trino em pessoa: o Pai cuja propriedade é ser princípio das outras das pessoas, não gerado, não procedente; o Filho cuja propriedade é ser gerado pelo Pai e proceder, com o Pai, a terceira; O Espírito Santo cuja propriedade é ser procedido (via de processão) do Pai e do Filho.

Gustavus Bouillon

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