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domingo, 1 de abril de 2012

DOMINGO DE RAMOS

(Santo Afonso Maria de Ligório – Meditações)


I. Estando próximo o tempo da Paixão, o nosso Redentor parte de Betânia para fazer a sua entrada em Jerusalém. Contemplemos a humildade de Jesus Cristo, que, sendo o Rei do céu, quer entrar naquela cidade montado numa jumenta. – Ó Jerusalém, eis que o teu rei aí vem humilde e manso. Não temas que ele venha para reinar sobre ti ou apossar-se das tuas riquezas; porquanto vem a ti cheio de amor e piedade para te salvar e dar-te a vida pela sua morte.
Entretanto os habitantes da cidade, que, havia já tempos, o veneravam por causa de seus milagres, foram-lhe ao encontro. Uns estendem os seus mantos na entrada por onde passa, outros juncam o caminho, em honra de Jesus, com ramos de árvores. – Oh! Quem teria dito que o mesmo Senhor, acolhido agora com tanta demonstração de veneração, havia de passar por ali dentro em poucos dias como réu condenado à morte, com a cruz aos ombros!
Meu amado Jesus, quisestes fazer a vossa entrada tão gloriosa, a fim de que a vossa paixão e morte fosse tanto mais ignominiosa, quanto maior foi a honra então recebida. A cidade, ingrata, em poucos dias trocará os louvores que agora vos tributa, por injúrias e maldições. Hoje cantam: “Glória a vós, Filho de Davi, sede sempre bendito, porque vindes para nosso bem em nome do Senhor”. E depois levantarão a voz bradando: Tolle, tolle, crucifige eum – “Tira, tira, crucifica-o” (Jo. 19, 5). – Hoje tiram os próprios vestidos; então tirarão os vossos, para Vos açoutar e crucificar. Hoje cortam ramos e estendem-nos debaixo de vossos pés; então, tomarão ramos de espinheiro, para Vos ferir a cabeça. Hoje bendizem-Vos, e depois hão de cumular-Vos de contumélias e blasfêmias. – Eia, minha alma, chega-te a Jesus e dize-lhe com afeto e gratidão: Benedictus, qui venit in nomine Domini – “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt. 21, 9).

II. Refere depois o Evangelista, que Jesus chegando perto da infeliz cidade de Jerusalém, ao vê-la, chorou sobre ela, pensando na sua ingratidão e próxima ruína. – Ah, meu Senhor, chorastes então sobre Jerusalém, mas chorastes também sobre a minha ingratidão e perdição; chorastes ao ver a ruína que eu a mim mesmo causava, expulsando-Vos de minha alma e obrigando-Vos a condenar-me ao inferno. Peço-Vos, deixai que eu chore, pois que a mim compete chorar ao lembrar-me da injúria que Vos
fiz ofendendo-Vos. Pai Eterno, pelas lágrimas que vosso Filho então derramou por mim, dai-me a dor de meus pecados, já que os detesto mais que qualquer outro mal e resolvido estou a amar-Vos para o futuro, de todo o coração.
Depois que Jesus entrou em Jerusalém, e se fatigou o dia todo na pregação e na cura de enfermos, quando chegou a noite, não houve quem o convidasse a descansar em sua casa; pelo que se viu obrigado a voltar para Betânia. – Santa Teresa considerando certa vez num Domingo de Ramos, naquela descortesia para com o seu divino Esposo, convidou-o humildemente a vir hospedar-se no seu pobre peito. Agradou-se o Senhor tanto do convite de sua esposa predileta, que, ao receber a sagrada Hóstia, afigurava-se à Santa que tinha a boca cheia de sangue vivo e ao mesmo tempo gozava uma doçura paradisíaca.
Também tu, meu irmão, dirige a Jesus, especialmente quando te aproximas da santa comunhão, o convite que venha hospedar-se em tua alma, de não sofrer mais. – E agora roga a Deus que, “tendo ele feito Nosso Senhor tomar carne e sofrer a morte de cruz, para dar ao gênero humano um exemplo de humildade para imitar, te conceda a graça de aproveitar os documentos de sua paciência e de alcançar a glória da ressurreição” (Or. Dom. cor.). – Recomenda-te também à intercessão da Virgem Maria.

(Meditações, Tomo I, Domingo de Ramos, pp. 392-395)

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